"As dificuldades orçamentais e os problemas de liquidez cambial continuarão a prejudicar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025", escrevem os analistas do departamento africano desta consultora britânica, apontando que, "em conjunto com o risco político associado a novos protestos, estes fatores podem resultar em novas quedas do PMI, à medida que a confiança das empresas vacila".
Em maio, o índice PMI de atividade empresarial em Moçambique registou o primeiro abrandamento em quatro meses, passando para terreno negativo, segundo o Standard Bank, que conduz o inquérito.
O índice PMI (Purchasing Managers Index, em inglês) subiu de 50,2 em março para 50,5 em abril, ficando acima do valor neutro de 50 pelo terceiro mês consecutivo, mas em maio caiu para 49,6 pontos, aponta-se no inquérito às empresas, conduzido pelo Standard Bank, que nota uma "deterioração das condições das empresas".
Indicadores do PMI acima de 50 pontos apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, enquanto indicadores abaixo desse valor mostram uma deterioração.
As conclusões do estudo mensal mostram "um abrandamento do dinamismo no setor privado no mês de maio, com as condições de operação a diminuírem pela primeira vez em quatro meses", enquanto a "produção e as novas encomendas continuaram a aumentar".
Para a Oxford Economics, "a recuperação do PMI no início de 2025 foi bem-vinda após a deterioração económica resultante dos violentos protestos políticos no final de 2024", e o acordo alcançado entre o governo e vários partidos da oposição "poderá acalmar as tensões políticas e evitar mais perturbações, mas isso não é garantido".
Assim, concluem, "não se pode excluir com certeza a possibilidade de novos distúrbios" como os que aconteceram no último trimestre do ano passado, que paralisaram o país e fizeram centenas de mortos.
De acordo com o índice PMI de maio, "as taxas de crescimento diminuíram, levando as empresas a reduzir" o nível de aquisições e de 'stocks', e o "emprego manteve-se estável, em termos globais, enquanto as perspetivas de atividade futura permaneceram fortemente positivas".
Citado no estudo, o economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá, reconhece que este índice "tem apresentado volatilidade desde o último trimestre de 2024", o qual tem vindo a aumentar, demonstrando "uma falta de dinâmica de crescimento na recuperação da economia após as eleições gerais" de outubro passado.
"Os dados do PMI mostram expansões mensais consecutivas a um ritmo mais lento na produção e nas novas encomendas, e contrações nas aquisições e nos 'stocks', sem crescimento no emprego, o que resultou num declínio dos custos dos meios de produção", observa Mussá.
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