"O capital do banco triplicou, de 93 mil milhões de dólares (81,8 mil milhões de euros), em 2015, para 318 mil milhões de dólares (279,7 mil milhões de euros) atualmente, um feito inédito", referiu Akinwumi Adesina na abertura dos encontros anuais do BAD, em Abidjan, Costa do Marfim.
"Utilizámos esse capital alargado em apoio financeiro sem precedentes a todos os países africanos" e, nos últimos 10 anos, "foi aprovado um total de 102 mil milhões de dólares (89,7 mil milhõe de euros) de investimento, 46% de todas as aprovações" nos 61 anos de história do BAD (fundado em 1964).
O total de dinheiro distribuído no mesmo período ascendeu a 59 mil milhões de dólares (51,9 mil milhões de euros), "quase metade dos desembolsos de sempre" do banco, acrescentou.
"Não são apenas números, mas uma nova escala de impacto transformador", disse, num discurso de balanço e auto-avaliação de sucesso, suportada por números e salas cheias, com milhares de convidados de toda a África e resto do mundo, na abertura dos encontros anuais do BAD.
Adesina apontou para o crescimento do banco, que passou a ocupar um lugar no palco das principais instituições financeiras multilaterais do mundo: "tornámo-nos num banco centrado nas pessoas, banco de soluções de desenvolvimento para África", que criou condições para os países suportarem a pandemia de covid-19 e os riscos de crise alimentar provocados pela invasão russa da Ucrânia.
Um papel enaltecido pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, numa saudação em vídeo enviada para a cerimónia.
Entre as obras apoiadas estão uma das maiores centrais solares do mundo, em Marrocos (Ouarzazate), capaz de abastecer mais de um milhão de lares, e um sistema de tratamento de águas residuais, no Egito (Abu Rawash), que serve 12 milhões de pessoas.
A universalização do abastecimento de eletricidade em todo o continente é a próxima meta.
"A fasquia estará elevada para o próximo presidente", apontou o Presidente da Costa do Marfim e anfitrião dos encontros anuais, Alassane Ouattara.
Ao seu lado, na primeira fila da cerimónia de abertura, sentaram-se Azali Assoumani, Presidente das ilhas Comores, John Mahama, Presidente do Gana, Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique, e ainda os vice-Presidentes da Tanzânia e Botsuana -- além de membros de outros Governos.
Há cinco candidatos à sucessão de Adesina: Amadou Hott (Senegal), Samuel Maimbo (Zâmbia), Sidi Tah (Mauritânia), Abbas Tolli (Chade), e Bajabulile Tshabalala (África do Sul), a única mulher entre quem concorre, vice-presidente do atual líder do BAD.
Os currículos publicados pelo banco mostram diferentes experiências nas áreas de economia e finanças, em cargos ministeriais, lugares de topo em instituições financeiras internacionais e no setor privado.
A eleição decorre quinta-feira, durante a Assembleia de Governadores, incluída no programa dos encontros anuais.
"Aproveitar ao máximo o capital humano de África para promover o seu desenvolvimento", será o tema em debate, além de questões transversais, como a transformação digital, o reforço institucional e a boa governação.
O banco pretende identificar "oportunidades" e "desenvolver políticas específicas para tornar o capital de África - humano, natural, financeiro e comercial - no principal motor da transformação estrutural e da transição para economias mais inclusivas, mais verdes e mais resilientes nas próximas décadas", informou, no lançamento dos encontros.
A expetativa é que esta fórmula sirva para "alavancar fluxos de capital externo de várias parcerias, para complementar as necessidades de financiamento do desenvolvimento de África".
O Grupo BAD é a principal instituição de financiamento do desenvolvimento do continente e conta com 81 Estados-membros, entre 53 países africanos e 28 países fora do continente, incluindo Portugal e Brasil.
Os países africanos de língua oficial portuguesa estão presentes nestas reuniões anuais (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) com diferentes delegações.
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