Estes fatores podem ameaçar a estabilidade financeira (segundo o BCE)

Um aumento acentuado da incerteza em torno do comércio, defesa, cooperação internacional e políticas regulatórias globais pode ameaçar a estabilidade financeira, alerta o Banco Central Europeu (BCE) no Relatório de Estabilidade Financeira, hoje publicado.

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Lusa
21/05/2025 13:52 ‧ há 8 horas por Lusa

Economia

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No documento, publicado duas vezes por ano e no qual o BCE analisa os riscos para a estabilidade do sistema financeiro da zona euro - o banco central adverte ainda para a falta de sincronização entre os 'spreads' de crédito e os riscos subjacentes.

"O aumento das fricções comerciais e os consequentes riscos de queda do crescimento económico estão a pesar nas perspetivas de estabilidade financeira", afirmou o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, na apresentação do relatório.

A instituição observa que as mudanças e retrocessos frequentes na política tarifária, a par das mudanças significativas no ambiente geopolítico, "podem ter repercussões económicas e financeiras significativas".

Alerta ainda que, embora os desequilíbrios macroeconómicos globais continuem a ser um tema recorrente no debate político, não é claro se as tarifas são o instrumento político mais apropriado para lidar com eles.

Neste sentido, nota que o aumento significativo da incerteza e das fricções comerciais provocou picos acentuados de volatilidade nos mercados financeiros e aumentou o risco de uma desaceleração económica.

"Embora os ativos de risco tenham recuperado totalmente das suas perdas iniciais em meados de maio, os mercados continuam altamente sensíveis às notícias relacionadas com as tarifas", refere o BCE.

Para o banco central, os mercados bolsistas estão vulneráveis a ajustamentos de preços "repentinos e abruptos", uma vez que, apesar das quebras já registadas, as avaliações continuam elevadas e as preocupações sobre a concentração de risco persistem.

Sobre esta questão, o vice-presidente do BCE referiu que os 'spreads' de crédito parecem ainda estar "dessincronizados" com o risco de crédito subjacente.

Na opinião do economista espanhol, as avaliações atuais descontam o cenário de que não haverá recessão, enquanto a inflação continuará a descer, o que Guindos considera correto, mas o facto é que, apesar de estas serem premissas razoáveis, "existem riscos de que não se cumpram".

Neste contexto, em que as avaliações são "muito elevadas" e persiste um elevado nível de incerteza, se houver desvios e as premissas não se concretizarem "pode haver uma queda nas avaliações, o que poderá levar a problemas de estabilidade financeira".

No relatório hoje divulgado, o BCE alerta ainda que o aumento das despesas com defesa na Europa pode ser um risco para a estabilidade do sistema financeiro, porque provavelmente subirá a rentabilidade da dívida soberana ao aumentar a oferta.

Neste contexto, Luis de Guindos enfatizou a necessidade de os países da zona euro manterem a consolidação orçamental.

O vice-presidente do BCE defendeu também que o euro ganhará quota de mercado internacional se a Europa implementar as políticas corretas, independentemente das dúvidas sobre o dólar.

Segundo referiu, a Reserva Federal dos EUA, com a qual o BCE mantém um acordo "muito relevante" de intercâmbio de divisas, continuará a ser um pilar importante da estabilidade financeira global.

"Estes acordos foram muito positivos para a estabilidade financeira de ambos os lados do Atlântico e acredito que assim continuarão a ser", sustentou o economista espanhol.

Por outro lado, Guindos defendeu que o papel futuro do euro como moeda de reserva e o seu papel nos mercados financeiros globais "dependerão das políticas implementadas pela Europa" e não apenas das preocupações sobre o impacto das políticas dos EUA no dólar.

Assim, manifestou a convicção de que se a União Europeia implementar as políticas de integração corretas, incluindo a união dos mercados de capitais, a união bancária e a integração dos mercados de bens e serviços, o euro ganhará quota de mercado.

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