Economia da zona euro cresceria em 2025 sem tensões comerciais, diz FMI

O Fundo Monetário Internacional defende que a economia da zona euro cresceria este ano se não fossem as tensões comerciais causadas pelas tarifas norte-americanas, calculando os impactos do comércio e da incerteza em 0,3% do PIB.

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Lusa
20/05/2025 15:34 ‧ há 6 horas por Lusa

Economia

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"Globalmente, para a zona euro, a nossa revisão em baixa é de 0,2 pontos percentuais em 2025 e 0,2 pontos percentuais em 2026. Teríamos tido uma melhoria do crescimento da zona euro se não fossem as questões relacionadas com o comércio", afirmou o diretor para a Europa do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alfred Kammer, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.

 

Um dia após a apresentação das previsões económicas de primavera da Comissão Europeia, marcadas por cortes nas perspetivas de crescimento precisamente devido aos possíveis efeitos das tarifas norte-americanas, o responsável do FMI indicou que, "somando tudo, o impacto do comércio e da incerteza política é de 0,3% este ano e de 0,4% [do PIB] no próximo ano".

"As medidas relativas aos direitos aduaneiros sobre o comércio apenas reduzem 0,1 pontos percentuais do PIB este ano e 0,2 pontos percentuais do crescimento do PIB no próximo ano, mas o maior impacto vem, de facto, da incerteza política que está a ser criada e das condições financeiras mais restritivas resultantes da incerteza política e isto retira 0,2 pontos percentuais ao crescimento este ano e 0,2 pontos percentuais ao crescimento no próximo ano", elencou Alfred Kammer nesta entrevista à Lusa.

A Comissão Europeia atualizou na segunda-feira as suas previsões económicas, que foram impactadas negativamente pela incerteza causada pelas tensões comerciais devido aos anúncios norte-americanos de pesadas tarifas.

A instituição reviu em baixa o crescimento económico da zona euro para este ano, de 1,3% para 0,9%.

Bruxelas alertou ainda para uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) e pressões inflacionistas, falando numa taxa média de direitos aduaneiros dos Estados Unidos mais elevada do que na década de 1930.

As tensões comerciais devem-se aos anúncios de Donald Trump de imposição de taxas de 25% para o aço, o alumínio e os automóveis europeus e de 20% em tarifas recíprocas ao bloco comunitário, estas últimas, entretanto, suspensas por 90 dias.

Cálculos da Comissão Europeia, divulgados em meados de abril, dão conta de que os novos direitos aduaneiros norte-americanos podem implicar perdas de 0,8% a 1,4% no PIB dos Estados Unidos até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da União Europeia (UE).

No pior cenário, isto é, se os direitos aduaneiros forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências económicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e de 0,5% a 0,6% para a UE.

Em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.

Atualmente, 379 mil milhões de euros em exportações da UE para os Estados Unidos, o equivalente a 70% do total, estão sujeitos às novas tarifas (incluindo as suspensas temporariamente) desde que a nova administração dos Estados Unidos tomou posse.

Antes de, no próximo verão, se começar a discutir no espaço comunitário o próximo orçamento da UE a longo prazo, Alfred Kammer adiantou à Lusa que, para o FMI, o Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034 "deve dar prioridade aos bens públicos europeus" como defesa, energia e investigação e ser usado como "alavanca para incentivar as reformas nacionais".

Quanto ao financiamento, "há argumentos a favor de um aumento de empréstimos comuns [...] porque se trata também de um investimento no futuro", argumentou o responsável, pedindo também novos recursos próprios na UE para se assegurar o pagamento da dívida contraída.

Leia Também: FMI aconselha Portugal a "política orçamental mais flexível em 2025"

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