Para o gestor, o apagão de eletricidade em 28 de abril veio mostrar a necessidade de assegurar um sistema elétrico com mais "robustez, fiabilidade e adaptabilidade" e Miguel Stilwell d'Andrade não tem dúvidas de que as renováveis vão ter um papel importante nesse trajeto.
"É muito claro para nós que as energias renováveis vão ter um papel crucial no sistema energético do presente e do futuro", referiu o também presidente executivo da EDP Renováveis, durante a conferência telefónica com analistas no âmbito da apresentação dos resultados do primeiro trimestre.
"É a única tecnologia pronta para dar resposta imediata às necessidades da eletrificação", acrescentou.
No entanto, defende que este crescimento deve ser acompanhado por "uma maior sofisticação do sistema de eletricidade".
"Se a transição energética está a acontecer, o aumento da penetração das energias renováveis tem de ser acompanhado por uma maior sofisticação do sistema elétrico para criar um sistema que seja limpo, fiável e acessível", reforçou.
O gestor lembrou que causa principal do apagão ainda está a ser avaliada. No entanto, defende que este incidente "realça a importância de garantir a robustez, a fiabilidade e a adaptabilidade do sistema elétrico".
Olhando para o futuro, o CEO da EDP defende que uma das lições que se deve tirar com o recente acontecimento é a necessidade de investimento contínuo nas redes, mas também em soluções de armazenamento de energia e outras fontes.
"Isto inclui o investimento contínuo em infraestruturas de rede, armazenamento de energia e outras fontes de flexibilidade, bem como mecanismos avançados de controlo, incluindo serviços auxiliares", detalhou.
Durante a conferência, o líder da EDP destacou que o apagão foi um "acontecimento sem precedentes". Nesse seguimento, fez questão de parabenizar as equipas da E-Redes, empresa do grupo para o negócio de distribuição de eletricidade, que nesse dia estiveram no terreno e conseguiram uma "reposição rápida da energia".
A EDP Renováveis teve lucros de 52 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, menos 24% do que nos mesmos meses de 2024, revelou hoje a empresa.
O EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) cresceu 5%, para 476 milhões de euros.
Segundo a empresa, os resultados tiveram um impacto negativo de 13 milhões de euros de "itens não recorrentes", relacionados com "a depreciação acelerada" do projeto eólico Meadow Lake IV, nos Estados Unidos, que tem "um plano de repotenciação em curso".
As vendas de eletricidade aumentaram 5%, com a produção a crescer 10% e o preço médio de venda a cair 5%, comparando com os primeiros três meses de 2024.
A EDP Renováveis, que tem sede em Madrid, é uma empresa subsidiária e detida maioritariamente pelo Grupo EDP (Energias de Portugal), operando no domínio das energias renováveis.
No ano passado, teve resultados líquidos negativos, com 556 milhões de euros de prejuízos, que justificou com impactos negativos de "itens não recorrentes" de 777 milhões de euros.
Esses itens estão relacionados, essencialmente, com a decisão de não continuar com os projetos na Colômbia e com uma "decisão preventiva" da Ocean Wind ('joint venture' que tem com a Engie) de registar uma imparidade de 133 milhões de euros no negócio nos Estados Unidos devido à incerteza regulatória em torno dos projetos 'offshore'.
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