O aumento dos lucros deve-se à contabilização dos dividendos do Banco de Fomento Angola (BFA) relativos a 2024, de 46 milhões de euros, já que a margem financeira (a principal receita de um banco, a diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos nos depósitos) caiu 9% para 223 milhões de euros.
Apenas na atividade em Portugal, o lucro caiu 13% em termos homólogos, para 98 milhões de euros.
Em conferência de imprensa, em Lisboa, o presidente do banco, João Pedro Oliveira e Costa, considerou que este recuo foi "essencialmente motivado pela redução da margem financeira", devido à descida das taxas de juro cobradas no crédito.
Nos primeiros três meses do ano, a margem financeira do BPI recuou 9%, para 223 milhões de euros, enquanto as comissões líquidas avançaram ligeiramente (cerca de 2%, para 75 milhões de euros).
João Pedro Oliveira e Costa assinalou que o banco tem ajustado o que paga pelos depósitos e que a ideia fundamental é manter a estabilidade do banco.
"A rentabilidade do novo crédito, com as taxas de juro a estes níveis, diminuiu", afirmou, acrescentando que a margem financeira, "com o tempo a passar, irá reduzir-se".
A remuneração média trimestral do crédito era de 4,0% no primeiro trimestre, contra 4,3% no final de 2024 e 4,7% no mesmo período do ano passado, enquanto a remuneração dos depósitos se manteve em cadeia em 1,0% e recuou em termos homólogos 0,2 pontos percentuais.
Fora de Portugal, o BCI, de Moçambique, representou um contributo negativo de sete milhões de euros, depois da descida do 'rating' do país e de um reforço das imparidades de 17 milhões de euros, explicou a administradora Susana Trigo Cabral.
Em termos de carteira de crédito, esta aumentou 5% nos primeiros três meses do ano, para 31,5 mil milhões de euros
No total, a carteira de crédito subiu cerca de 1.400 milhões de euros em termos homólogos. O crédito à habitação subiu 8% para 15,7 mil milhões de euros.
No final de fevereiro, a carteira de crédito do BPI representava 12,1% da carteira de crédito total, mantendo-se face ao final do ano, enquanto a quota na contratação de habitação foi de 18,2% no acumulado dos primeiros dois meses do ano.
Os depósitos avançaram 6% no espaço de um ano, para 31.504 milhões de euros, atingindo uma quota de mercado de 10,6% em fevereiro deste ano.
Os custos de estrutura recorrentes recuaram 4%, para 126 milhões de euros, mantendo-se os custos com pessoal (63 milhões de euros) e os gastos gerais administrativos (47 milhões de euros), enquanto as amortizações avançaram um milhão de euros para 17 milhões de euros.
A descida foi justificada com a redução de seis milhões de euros nos impactos não recorrentes, que diziam respeito a reformas antecipadas e rescisões voluntárias.
Nos 12 meses terminados em março, o rácio de custos de estrutura face a receitas ('cost-to-income') atingiu os 37%, valor igual ao registado no final de 2024, mas menos do que os 40% do final de 2023.
Em termos de rácios de capital, o rácio CET1 ('common equity tier 1') recuou em cadeia para 13,9%, o 'tier 1' para 15,3% e o de capital total para 17,4%, contra 14,3%, 15,7% e 17,9%, respetivamente.
Já o rácio de crédito malparado bruto ('NPL - non performing loans' na expressão técnica em inglês) cifrou-se em 1,7%.
No final de março, o BPI contava com um saldo acumulado no balanço de 70 milhões de euros de imparidades não alocadas.
O presidente do banco admitiu que o BPI vai começar a utilizar este saldo, considerando que não prevê "manter uma folga tão significativa".
[Notícia atualizada às 13h07]
Leia Também: Apagão: Espanha identificou 3.ª falha no sul do país antes do colapso