Um apagão energético deixou Portugal às escuras na segunda-feira. A eletricidade foi entretanto reposta, mas já se fazem contas aos prejuízos causados por este incidente. Ao Notícias ao Minuto, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que está a ouvir os empresários, fala em "elevadas perdas".
"O trabalho de auscultação à nossa comunidade associativa ainda está em curso, mas foram reportadas elevadas perdas devido à obrigatória interrupção da atividade. De resto, em muitas empresas foram cancelados vários turnos em consequência da falta de previsibilidade (do regresso da energia)", explicou fonte oficial da CIP.
Importa ainda sublinhar que "existem ciclos produtivos cuja interrupção é proibida sob pena de perda total do trabalho iniciado".
"Temos também de considerar os custos associados ao rearranque da produção nos casos de empresas em contínua laboração. A situação ganha especial relevo nos setores eletrointensivos", aponta a mesma fonte.
Na opinião da CIP, os "impactos/prejuízos foram naturalmente transversais ao tecido empresarial, mas as indústrias agroalimentares sofreram bastante com a longa paragem das linhas de produção, nomeadamente no que concerne aos produtos perecíveis. Aliás, muitos desses produtos foram efetivamente destruídos. Exemplo concreto são os produtos lácteos".
"Agora é tempo sobretudo de reativar a atividade económica a 100%. Num país com baixos níveis de produtividade como é o caso de Portugal, qualquer disrupção agrava de sobremaneira esse cenário. As contas dos prejuízos, e possíveis medidas a adotar para mitigação desses custos, far-se-ão a seu tempo depois do levantamento exaustivo da situação", explicou a mesma fonte.
Do ponto de vista da CIP, é importante nesta altura "retirarmos algumas lições": "A falta de procedimentos previamente estabelecidos para enfrentar este tipo de episódios disruptivos. A inexistência de interlocutores definidos nas primeiras horas".
Além disso, a "deficitária resposta de alguns serviços da administração pública (esta manhã [na terça-feira] o portal da AT estava ainda em baixa impedindo por exemplo a emissão de faturas)".
"Uma última nota: melhorar a comunicação com o público é fundamental, especialmente face ao elevado potencial de desinformação", aponta ainda a CIP.
Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou na segunda-feira, desde as 11h30, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades. Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do "apagão".
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