A Comissão de Valores Mobiliários, o regulador de mercado e um órgão autónomo do Ministério das Finanças, disse na sexta-feira à noite, em comunicado, que existem "fortes indícios" que apontam para a negociação de ativos da empresa por parte dos arguidos antes da divulgação pública dos problemas financeiros que esta atravessava.
Aquele organismo referiu ainda, após a conclusão do inquérito, que houve uma troca de informações e de documentos com a entidade reguladora do mercado bolsista e que os suspeitos devem agora apresentar as suas defesas.
Entre os oito acusados está o antigo diretor executivo da empresa, Miguel Gutiérrez, que tem nacionalidade espanhola e brasileira e se mudou para o seu país de origem, Espanha, após o escândalo.
A Interpol deteve Gutiérrez em junho, em Madrid, em resposta a um pedido de extradição apresentado pelas autoridades brasileiras, mas a justiça espanhola ordenou a sua libertação em troca de algumas medidas cautelares, como a retenção do seu passaporte.
O 'buraco' contabilístico da Americanas está avaliado em 25 mil milhões de reais (cerca de 4,4 mil milhões de dólares ou quatro mil milhões de euros ao câmbio atual), o que levou a empresa a entrar num processo de recuperação judicial no início de 2023.
Os maiores acionistas da rede de lojas são também os homens mais ricos do Brasil: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que negaram qualquer envolvimento na fraude.
A Americanas, que chegou a ter mais de 1.800 lojas em todo o país, fechou dezenas de estabelecimentos desde que o escândalo estourou, numa tentativa de equilibrar as contas.
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