Sim, podemos assumir que hora de pausa e, ao que tudo indica, as taxas de juro não deverão ser aumentadas no curto prazo. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse na terça-feira em Berlim que dada a dimensão dos aumentos das taxas de juro até agora, será dado algum tempo para ver o seu efeito na economia.
"Dada a escala do nosso aperto monetário, agora podemos dar-lhe algum tempo para se desenvolver", afirmou Lagarde ao discursar sobre a inflação e a democracia, num evento organizado pelo Ministério das Finanças alemão. Lagarde considerou, no entanto, que "ainda não é tempo de gritar vitória", apesar da descida da inflação na zona euro.
"Podemos agir de novo se constatarmos que há riscos crescentes de não atingir o nosso objetivo de inflação", de 2% a médio prazo, avisou a presidente do BCE. "Estamos numa fase (...) que eu caracterizaria como sendo vigilante e concentrada", acrescentou Lagarde, ao admitir que a inflação "diminuiu consideravelmente" na zona euro.
O BCE deixou as taxas de juro inalteradas na sua última reunião de política monetária, em outubro, após 10 subidas consecutivas para travar a elevada taxa de inflação.
Apesar de a inflação ter recuado para 2,9% na zona euro em outubro, já mais perto do objetivo do BCE, a presidente da instituição afirmou que não é de esperar cortes nas taxas de juro em breve.
O nível atual das taxas "mantido durante um tempo suficientemente longo, contribuirá para levar a inflação ao nosso objetivo no momento pretendido", declarou. "A viagem ainda não terminou e temos que terminar esta viagem", disse Lagarde.
O objetivo do BCE é ter uma inflação de 2% a médio prazo pelo que, face à alta da inflação, tem decidido subir as taxas de juro. Quando o BCE altera as taxas de juro diretoras, tal reflete-se no conjunto da economia, sendo algumas das faces mais visíveis o aumento dos empréstimos bancários, desde logo do crédito à habitação.
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