"Uma tontice". Regime de aumento do IUC "vai ser provavelmente alterado"
Luís Marques Mendes criticou a proposta do Governo, que acusou de ser "uma tontice" e de não resolver o problema.
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Política Luís Marques Mendes
O comentador político Luís Marques Mendes afirmou, este domingo, no seu espaço habitual na SIC, que a proposta de aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) a partir de 2024 será, provavelmente, alterada.
"Os sinais são no sentido de que [o Governo] pelo menos vai fazer alterações na Assembleia da República. Sublinho isto. Este regime vai ser provavelmente alterado. Não sei se vai ser retirado, mas provavelmente alterado", revelou o antigo dirigente social-democrata. Já sobre se o Executivo irá, ou não, recuar na proposta, Marques Mendes disse apenas não saber.
A proposta "está a criar descontentamento, divisão, desconforto, mesmo dentro da bancada do PS, isso é óbvio", acusou o comentador político, para quem a proposta é "um quisto, uma tontice".
"Não estou a dizer que é uma estupidez, porque não quero ser desagradável com ninguém. É uma tontice introduzir esta questão", criticou, argumentando que agravar o IUC "não vai resolver problema nenhum".
O Governo alega que o aumento pretende incentivar a renovação da frota automóvel para uma que seja menos poluente, mas, diz Luís Marques Mendes, quem tem carros com matrículas anteriores a 2007 não é que "não mudam de carro porque têm vontade de prejudicar o ambiente" ou porque "são poluidores e querem poluir mais", mas sim porque "não têm dinheiro".
"São pessoas pobres de um modo geral. Pode haver uma exceção ou outra mas na generalidade são pessoas pobres. Não é um imposto agravado que vai resolver o assunto. Se o imposto fosse um incentivo para mudar de carro, ainda se podia admitir. Mas não, só vai agravar o problema porque as pessoas não mudam de carro porque não têm dinheiro", lamentou.
Ainda na onda de críticas, Marques Mendes sugeriu que, se esta é uma medida que "não gera grande receita", argumento que acusa o Governo de usar, então "acabem com ela", "não sobrecarreguem as pessoas e retirem".
O antigo dirigente do Partido Social-Democrata (PSD) disse ter ido fazer as contas fiscais, concluindo que Portugal é "o sétimo país com mais impostos sobre a circulação automóvel". "Os portugueses já estão bastante sobrecarregados", acusou.
"Bem prega Frei Tomás... olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz", ironizou Marques Mendes, apontando que mais de 50% do parque automóvel do Estado - que é isento do pagamento de IUC - tem mais de 16 anos.
"Metade dos automóveis ao serviço do Estado são bem antigos, portanto são muito poluidores. Então não devia ser o Estado a dar o exemplo?", questionou o comentador político, criticando o "disparate", que não é "justo" nem "correto".
Marques Mendes deu razão aos deputados socialistas que se têm "manifestado desconfortados" com a proposta. "Têm razão em bater o pé à arrogância do Governo e fazer alterações a esta matéria. Este não é momento de introduzir esta situação", concluiu.
Recorde-se que a proposta de Orçamento do Estado para 2024 prevê um aumento do IUC para veículos anteriores a 2007, alegando o Executivo que este aumento pretende incentivar os condutores a trocarem os seus veículos por modelos com menos taxas de poluição.
[Notícia atualizada às 21h43]
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