Em declarações à agência Lusa no final da missão, fonte da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado (APICCAPS) - que promoveu a iniciativa - salientou que "tem havido uma preocupação muito grande da parte da indústria em encontrar um conjunto de novos mercados que lhe permitam crescer nos próximos anos".
"Ainda que a indústria portuguesa de calçado exporte 95% da sua produção, para 132 países nos cinco continentes, a verdade é que o desempenho do sector está muito dependente daquilo que se passa no mercado europeu, onde se concentram praticamente 90% das nossas exportações", afirmou.
Ora, salientou, nos primeiros nove meses do ano as exportações portuguesas de calçado aumentaram 3%, mas no mercado europeu o crescimento foi "muito próximo do zero", sendo "a força motora do sector" neste momento os mercados extracomunitários, para onde as exportações cresceram 40% até Setembro.
Convicta de que o crescimento do sector nos próximos anos "estará relativamente dependente do desempenho em mercados como os EUA, Rússia, Japão, China, países árabes, América Latina e alguns países africanos, nomeadamente Angola, África do Sul, e Moçambique, a APICCAPS visitou já Angola no ano passado e rumou agora aos outros dois países africanos.
Segundo a associação, a África do Sul e Moçambique são dois mercados "praticamente novos" para a indústria portuguesa de calçado, já que as exportações para cada um daqueles países não ultrapassam os dois milhões de euros anuais.
Contudo, sublinhou, o "potencial de crescimento muito interessante" ali detectado permite antecipar que "facilmente estes valores poderão ser multiplicados por dois, por três, por quatro ou por cinco já nos próximos anos".
Na sequência da missão empresarial que hoje terminou, a APICCAPS acertou já a participação portuguesa na feira de calçado da Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2013.
"Já em Moçambique a abordagem terá que ser outra, porque não há uma feira de calçado local, mas estamos a procurar conhecer em pormenor o mercado, nomeadamente os centros comerciais de referência e as lojas que mais se identificam com o calçado português", disse.
"Estamos a investir como nunca em novos mercados. Vamos continuar a fazer o nosso trabalho no mercado europeu, que continuará a ser o mercado por excelência para as empresas portuguesas de calçado, mas, simultaneamente, é necessário efectuar um conjunto de abordagens a novos mercados para que o sector possa efectivamente crescer nos próximos anos", conclui, adiantando que, em 2013, serão reforçadas as acções nos EUA e na China e, pela primeira vez, vai apostar-se na América Latina.