O administrador operacional e antigo presidente executivo interino da TAP, Ramiro Sequeira, está a ser hoje ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito à companhia aérea, sobre a indemnização a Alexandra Reis e a gestão privada da companhia aérea, onde chegou em 2018.
"Complexa missão a que me propus como presidente considerando ter sido cumprida", referiu, durante a sua intervenção inicial, referindo alguns pontos, nomeadamente, a crise pela qual a companhia aérea passou devido à pandemia de Covid-19, que fez a empresa perder "cerca de 80 milhões de euros" por mês.
"Estes dois anos comportaram-se como uma montanha russa", asseverou.
'Divergências' entre Christine e Reis?
Questionado pelo Bloco de Esquerda sobre as alegadas divergências entre a ex-CEO da TAP, Christine Oumières-Widener, e Alexandra Reis, Ramiro Sequeira referiu que "não coabitava 24 horas" com estas duas ex-responsáveis da companhia aérea portuguesa e que "a importância que cada um dá às divergências que tem com cada pessoa é relativa".
Ramiro Sequeira disse ainda que a seu ver "nunca foram deixadas de tomar" decisões para o "bom funcionamento da empresa" devido a quaisquer divergências entre Oumières-Widener e Reis.
E o administrador operacional referiu que só soube da reorganização da Comissão Executiva e da saída de Alexandra Reis depois de ter acontecido. "Não soube que estavam a negociar", garantiu.
Sequeira falou ainda sobre o Estatuto de Gestor Público: “Julgo ter havido um e-mail com esses pontos de transição de privado para publico, mas não recordo de termos falado exaustivamente sobre isso. Recordo recentemente de falarmos da necessidade de contratos de gestão”, confessou.
TAP e despedimentos
Questionado pelo PCP sobre se tem indicação do número de despedimentos feitos na TAP, cujos casos estão a ir a tribunal e a resultar em reintegrações na empresa, Ramiro Sequeira disse que 'não'. "É conhecido que houve indicação do tribunal para a reintegração de alguns colegas. Não tenho presente o custo disso, nem o número dessa integração", afirmou.
"Quando olhávamos pela janela e tínhamos toda a frota parada [durante pandemia] e com dificuldades em pagar contas, não agradou a ninguém - e muito menos a mim - ter que avançar com a elaboração desse plano e desse potencial despedimento. Esse valor, à data, falávamos de cerca de dois mil trabalhadores que poderiam ser afetados pelo despedimento coletivo. Depois de um exercício árduo das equipas, de responsabilidade, dos sindicatos - o despedimento coletivo esteve longe desse valor", disse, referindo que foram encontradas situações de mútuo acordo com alguns trabalhadores.
Ramiro Sequeira, 'o último sobrevivente'
Ramiro Sequeira integrou a TAP em agosto de 2018, vindo da concorrente espanhola Iberia, para assumir a função de administrador operacional (COO), na Comissão Executiva liderada por Antonoaldo Neves.
Ao jornal da TAP, aquando da chegada à empresa, Ramiro Sequeira apontou como prioridades ajudar a melhorar os índices de pontualidade, o controlo de custos e a produtividade.
"Entendo que a TAP está num processo de transformação e esta palavra por si mesma tem dois lados - o lado da mudança/incerteza, que deve ser gerido com assertividade e diálogo, e o lado das oportunidades/crescimento, que deve ser vivido com determinação e positivismo. Costumo dizer que os desafios se devem enfrentar com BEM: Bom Senso, Esforço e Metodologia", afirmou, na ocasião.
Com o regresso da companhia aérea ao controlo do Estado, em 2020, e a consequente saída de Antonoaldo Neves, Ramiro Sequeira assumiu a presidência executiva interinamente, durante 10 meses, até à chegada de Christine Ourmières-Widener, em meados de 2021 - que foi exonerada por justa causa pelo Governo, assim como o então presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, que foram substituídos, em abril, por Luís Rodrigues.
Segundo o Expresso, Ramiro Sequeira foi convidado a sair da Comissão Executiva, avançando ainda que poderá vir a ser substituído por Mário Chaves, braço direito de Luís Rodrigues na SATA e atual presidente da Portugália.
Ramiro Sequeira é o último sobrevivente da equipa executiva original da gestora francesa, eleita em assembleia-geral em 24 de junho de 2021, que era composta também por Alexandra Reis (saiu em fevereiro de 2022 e entrou para a equipa Sofia Lufinha em julho), Sílvia Mosquera (renunciou em março e sai em junho) e João Weber Gameiro (renunciou em outubro de 2021 e foi substituído por Gonçalo Pires).
[Notícia atualizada às 18h51]
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