De acordo com a entidade, "este resultado decorre do cumprimento do Contrato de Serviço Público, que pagou à CP a prestação do serviço público, o que ao longo de muitos anos não aconteceu e, em muitos casos, acabaram por ser as empresas públicas a assumir os financiamentos que competiam ao Estado, o que contribuiu para a dívida histórica existente".
Segundo a Fectrans, os resultados atingidos pela CP, que obteve lucros de oito milhões de euros no ano passado, demonstram que a empresa "tem futuro desde que haja vontade política para que a mesma assuma o seu importante papel num sistema nacional de transportes".
Para a federação, "há todas as condições para se negociarem a valorização dos salários e das profissões, de modo a fixar os trabalhadores à empresa e se criarem melhores condições para recrutar novos trabalhadores e se fazer a transmissão de conhecimentos entre gerações".
A Fectrans disse ainda que estes resultados foram atingidos "na sequência do recorde de transportes de passageiros, o que demonstra a importância que este modo de transporte tem na mobilidade das populações".
Quanto às medidas de internalização de serviços, apontadas pela CP como tendo contribuído para este resultado, a Fectrans acredita que devem ser "um incentivo para continuar a internalização de áreas que a CP ainda mantém externalizadas, como é o caso da Fernave que deve seguir o mesmo caminho" da EMEF, defendeu, apontando ainda que "é necessário um processo de reunificação de todo o sistema ferroviário nacional, dotando-o dos meios necessários nas diversas valências".
"Realçamos que estes resultados foram obtidos num ano em que, mais uma vez, se verificou uma desvalorização dos salários, em que continuam a existir trabalhadores a menos que os necessários para assegurarem o serviço público, com uma frota envelhecida sem se vislumbrar quando começa a ser substituída", lamentou a entidade.
A CP - Comboios de Portugal registou lucros de oito milhões de euros no ano passado, atingindo assim resultados positivos "pela primeira vez na sua história", indicou a transportadora ferroviária, em comunicado.
Assim, a CP informou que "em 2022 alcançou um marco histórico ao obter, pela primeira vez, um resultado líquido positivo de oito milhões de euros".
De acordo com a CP, "o inédito resultado líquido positivo de oito milhões de euros, simboliza um avanço de 22 milhões de euros em comparação com 2021" e regista-se "num contexto de aumento expressivo dos custos com energia para a tração dos comboios", referiu, acrescentando que "estes gastos aumentaram mais de 28,5 milhões de euros em apenas um ano".
A transportadora atingiu mais de 148 milhões de passageiros transportados no ano passado, "sendo este o maior número de passageiros dos últimos 20 anos", destacou, indicando que se observou "um aumento de 2,2% no número de passageiros transportados" em comparação com 2019, no período pré-pandemia.
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