Comissão quer UE com exploração mineira 'verde' e novos parceiros

A Comissão Europeia quer a União Europeia (UE) com mais e sustentável exploração mineira, como de lítio e cobre, para reduzir a sua dependência "com riscos" face à China, defendeu a vice-presidente executiva da Comissão Europeia Margrethe Vestager.

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Lusa
11/03/2023 10:27 ‧ 11/03/2023 por Lusa

Economia

Comissão Europeia

"Uma das coisas que aprendemos da forma mais difícil, nos últimos anos, é que as dependências suportam riscos", como verificado na UE face às importações de combustíveis fósseis russos, situação que levou ao exacerbar da crise energética pela guerra da Ucrânia, assinalou Margrethe Vestager.

Em entrevista à agência Lusa e outros meios de comunicação social europeus, a responsável no executivo comunitário pela tutela da Concorrência assinalou que a UE tem, ainda assim, feito "um processo muito rápido de diversificação no fornecimento de gás".

"Mas vemos que em algumas áreas ainda temos as mesmas dependências de fornecedor único, o que gostaríamos de mudar para o futuro, para que tenhamos mais fornecedores, mais fornecedores diferentes, para que possamos ter estas parcerias em todo o planeta", comparou Margrethe Vestager, defendendo que, no caso das matérias-primas, a UE não dependa apenas da China.

De acordo com a vice-presidente executiva da Comissão Europeia, "a ideia é tanto a de ter mais exploração [mineira] na Europa, de ter estas parcerias estratégicas com vários países do planeta, tentando permitir investimentos privados e, passo a passo, aumentar a sustentabilidade".

"Não menos importante, é necessário estabelecer uma circularidade porque a exploração mineira é uma pratica energética intensiva e penso que, mesmo no melhor dos casos, o processamento é exigente, pelo que [...] devemos apostar na reciclagem dos materiais", nomeadamente de cobre a alumínio, adiantou Margrethe Vestager, nesta entrevista à Lusa e outros meios de comunicação social europeus.

A Comissão Europeia apresenta, na próxima semana, uma nova lei sobre matérias-primas críticas, como magnésio ou lítio, para acelerar a extração e refinação na UE, ultrapassando vulnerabilidades face a perturbações no abastecimento ou a tensões geopolíticas.

Em causa estão matérias-primas como o lítio e o cobalto, necessárias por exemplo para o fabrico de baterias e motores elétricos, permitindo o desenvolvimento de setores estratégicos como das energias renováveis, carros elétricos e tecnologias digitais.

Atualmente, a UE depende da China para materiais como metais de terras-raras ou magnésio, com a quase totalidade destas importações europeias a serem feitas naquele país asiático.

Além disso, 99% do boro que chega à UE, utilizado nas tecnologias eólicas, nos ímanes permanentes e na produção de semicondutores, provém da Turquia, enquanto 63% do cobalto mundial, utilizado em baterias e ligas leves de alta resistência para os setores da defesa e aeroespacial, vem da República Democrática do Congo.

É esta dependência relativamente a países terceiros que Bruxelas quer evitar, garantindo que a UE "tem capacidade para fabricar ou diversificar a procura até 2030, não para ser autossuficiente, mas sim para evitar vulnerabilidades em partes específicas da cadeia de valor", de acordo com fontes europeias ouvidas pela Lusa.

Segundo as mesmas fontes, "a UE sabe bem quem são os seus concorrentes", sendo que, além da China, também são os Estados Unidos, nomeadamente pela recente lei norte-americana da redução da inflação, de apoios a investimentos no setor da energia e subsídios para veículos elétricos, baterias e projetos de energias renováveis.

Na proposta que apresentará na próxima semana, Bruxelas tenciona criar a designação de projetos estratégicos, que poderão beneficiar de licenças mais rápidas (que chegam a demorar até cinco anos), bem como de eventual financiamento comunitário, bem como apostar no armazenamento destas matérias-primas críticas.

Leia Também: Bruxelas garante contactos com Lisboa e Madrid sobre mecanismo ibérico

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