Na nota de conjuntura relativa a dezembro de 2022, o Fórum para a Competitividade explica que a atividade do quarto trimestre "está sob dois efeitos contraditórios": "por um lado, a desaceleração generalizada, com fontes externas (abrandamento da economia europeia e mundial) quer internas (subida das taxas de juro, inflação); por outro, houve pacotes de ajuda às famílias e às empresas, que terão contrariado aquelas tendências".
Na análise, estima que no quarto trimestre "a economia terá tido uma variação em cadeia entre -0,1% e 0,2%, a que corresponde uma variação homóloga entre 2,8% e 3,1%".
O fórum estima ainda que no conjunto do ano o PIB "deverá ter crescido entre 6,6% e 6,7%, acima das previsões de há um ano, em torno de 5,5%".
"No entanto, tem que se insistir que este aparente bom resultado decorre do facto de o nosso país estar mais atrasado na recuperação da pandemia, pelo que deve ser considerada uma boa notícia por maus motivos", destaca.
A análise sublinha que "Portugal ficará apenas 3,1% acima do PIB de 2019, apenas muito ligeiramente acima dos 2,7% equivalentes para a União Europeia".
"Ou seja, nos últimos três anos o nosso país terá crescido anualmente apenas uma décima acima da UE, o que, de maneira nenhuma pode ser confundido com convergência, porque a este ritmo iríamos demorar muito mais de cem anos a "convergir", para além de descermos para um dos últimos lugares da UE. Ser ultrapassado por todos ou quase todos os países da UE é convergir?", questiona.
Para este ano, que admite "de uma elevada incerteza", considera que tanto se poderá assistir a "uma recessão na economia portuguesa como um crescimento muito modesto".
O fórum indica ainda que este ano "a inflação já será prejudicial para o défice, tal como a forte desaceleração da economia", considerando como "possível que o executivo se veja forçado a cativações adicionais, sobretudo do investimento público, que abrandarão ainda mais o desempenho económico, para evitar uma deterioração mais profunda das contas públicas".
"Ou seja, enquanto em 2022 a política orçamental estimulou o crescimento económico, em 2023 o mais provável é que suceda o oposto", vinca.
[Notícia atualizada às 16h09]
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