"Os países africanos precisam de agir decisivamente para não perderem a recuperação económica, e neste contexto, mobilizar investimentos massivos e fomentar as tecnologias digitais na cadeia de valor da produção é essencial para transformar as economias africanas e atingir a Agenda 2063 e lidar com o desemprego dos jovens", disse Muchanga durante a sua intervenção 21º Fórum Económico Internacional sobre África, que começou na quinta-feira e termina hoje em Paris.
Na conferência de alto nível que decorre em Paris, o comissário para o Desenvolvimento Económico, Comércio, Turismo, Indústria e Minerais da União Africana juntou-se a outras vozes para defender um aumento das redes de produção locais em África e ajuda internacional para relançar as economias, que estando ainda a recuperar da pandemia de covid-19, enfrentam agora as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia.
"É urgente manter os mercados abertos, evitar as restrições nas exportações e permitir que os cereais e os fertilizantes cheguem aos países mais necessitados; estas medidas devem ser acompanhadas de ações para reduzir as vulnerabilidades das economias africanas", lê-se no comunicado distribuído em Paris, que considera que "investir na produção local, no envolvimento das pequenas e médias empresas na transformação da agricultura e indústrias africana é crucial para construir resiliência e gerar empregos decentes e de qualidade para uma população jovem e cada vez mais populosa".
De acordo com a edição deste ano do relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) Dinâmica do Desenvolvimento em África, o comércio entre os países africanos representa apenas 2,7% da participação de África na cadeia global e valor, significativamente abaixo dos mais de 25% na América Latina e nas Caraíbas, e muito mais abaixo dos 42,9% da Ásia.
Entre as principais conclusões do relatório, que serviu de ponto de partida para o debate, está a necessidade de acelerar a utilização de tecnologia no continente, a implementação plena do acordo de livre comércio e a atração de investimento externo por parte das principais multinacionais.
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