O banco suíço, que já sofreu perdas de 1.572 milhões de francos suíços em 2021 (1.530 milhões de euros), já tinha previsto na semana passada que iria registar números negativos no primeiro trimestre de 2022.
O trimestre "foi marcado por condições de mercado voláteis" e cautela na tomada de riscos, disse o chefe executivo do Credit Suisse, Thomas Gottstein, acrescentando que "ações decisivas" foram tomadas no período para aumentar o controlo das finanças do banco.
Gottstein disse que uma provisão de 703 milhões de francos (685 milhões de euros) foi feita no primeiro trimestre para cobrir custos de litígio passados, o que, juntamente com o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia, foi a chave para o banco fechar o período de novo no vermelho.
O Credit Suisse também anunciou que obteve um rendimento líquido entre janeiro e março de 4.412 milhões de francos (4.580 milhões de dólares, 4.300 milhões de euros), menos 42% do que no mesmo período em 2021.
"Este é um ano de transição, e o nosso foco continua a ser a execução disciplinada da nossa estratégia empresarial anunciada em novembro de 2021: reforçar o nosso núcleo, simplificar a organização e investir para o crescimento", disse o CEO.
No relatório, o Credit Suisse disse que o banco conseguiu reduzir a sua exposição ao crédito na Rússia em 56% em comparação com o final de 2021, para 373 milhões de francos (380 milhões de dólares, 360 milhões de euros).
A exposição de crédito mais especificamente relacionada com as instituições financeiras russas diminuiu ainda mais, em 67%, acrescentou o Credit Suisse.
O banco acrescentou que o valor patrimonial líquido das suas filiais russas (Bank Credit Suisse Moscow e Credit Suisse Securities Moscow) é agora de 200 milhões de francos suíços (207 milhões de dólares, 195 milhões de euros), cerca de 7% inferior ao do final do ano passado.
O banco, em processo de reorganização interna após vários anos marcados por problemas financeiros e jurídicos, anunciou também hoje a saída do seu chefe de operações financeiras desde 2010, David Mathers, também CEO do Credit Suisse International desde 2016.
O Credit Suisse foi duramente atingido no ano passado por quedas no fundo de cobertura norte-americano Archegos e da empresa anglo-australiana de serviços financeiros Greensill Capital, levando o banco a anunciar uma gestão mais controlada dos seus negócios financeiros.
O banco está a atravessar um período complicado não só devido aos seus problemas financeiros, mas também devido a vários escândalos, como o que levou à demissão do seu presidente António Horta Osório no início deste ano, na sequência de uma investigação interna em que se determinou que tinha violado as regras de quarentena em relação à covid-19.
Além disso, desde 2019, o banco tem sido sujeito a investigações internas e externas (estas últimas pelas autoridades de supervisão do mercado suíço) por ter espiado vários dos seus executivos.
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