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Política orçamental deve responder para "evitar espiral" de inflação

O conflito na Ucrânia vai obrigar a uma resposta concertada entre política orçamental e monetária, para evitar uma espiral de inflação nos preços e nos salários, defende o coordenador da UTAO.

Política orçamental deve responder para "evitar espiral" de inflação
Notícias ao Minuto

06:11 - 23/03/22 por Lusa

Economia UTAO

Em entrevista à Lusa, Rui Nuno Baleiras, responsável pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), alerta para os efeitos ricochete das sanções económicas implementadas devido à guerra na Ucrânia.

"Vamos precisar na União Europeia, em particular na área do euro, muito de uma coordenação inteligente entre política orçamental e política monetária", disse, sublinhando que a inflação a que se assiste "não é o tipo de inflação para o qual os instrumentos de política monetária estão naturalmente concebidos para atuarem como efeito de estabilização, porque são choques do lado da oferta".

Ainda que admita que existe algum efeito inflacionista do lado da procura, devido nomeadamente aos planos de recuperação e resiliência, com um aumento da despesa em todos os Estados-membros, considera que "a forma mais eficaz de amortecedor os efeitos de ricochete na economia é mitigando temporariamente as perdas de poder de compra que a subida dos preços tem e isso tem uma despesa orçamental".

Rui Nuno Baleiras antecipa que o Banco Central Europeu (BCE) provavelmente não poderá iniciar uma subida de taxas de juro, que até há poucos meses planeava fazer, deixando desta forma que seja a política orçamental através de um amortecimento do poder de compra das famílias a impedir que a subida de preços se transmita à subida de salários.

"Se conseguirmos desta forma evitar a espiral que todos os banqueiros centrais receiam como o maior pesadelo, que é a espiral de inflação nos preços e nos salários, então talvez se consiga até ao fim do ano uma solução equilibrada, em que não temos uma explosão salarial", afirma.

"Continua a ser importante apostar na descarbonização, na transformação digital, mas amortecemos com a política orçamental estes efeitos temporários", defende o coordenador dos técnicos que dão apoio aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças.

Questionado sobre se espera alterações à proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) face à entregue em outubro do ano passado -- e que foi chumbada --, admite que "algumas" serão necessárias, nomeadamente no cenário macroeconómico, sobretudo devido aos desenvolvimentos nos mercados de matérias-primas e custos de transporte, com constrangimentos agudizados pela guerra na Ucrânia.

Acredita ainda que o Governo está a analisar o espaço orçamental para adotar medidas de apoio às famílias e às empresas na sequência desta crise, mas sublinha que tal "exige fazer escolhas políticas".

"Seguramente que o Governo teve, está a ter, a fazer contas ao que poderá poupar com as medidas transitórias da covid-19, com o que, apesar de tudo, o crescimento económico que vamos ter este ano o que poderá acrescentar. Alguma possibilidade de criar medidas transitórias de amortecimento desta conjuntura externa muito desfavorável poderá existir", vinca.

Leia Também: "Não podemos ter Conselho de Ministros a fechar OE a 48 ou 72h do prazo"

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