“É um exercício de homens e mulheres livres que têm o seu pensamento e entenderam, perante tão grave situação de dívida pública nacional, juntar esforços apesar de profundas divergências”, começou por dizer Bagão Félix no seu habitual comentário de quarta-feira na SIC Notícias.
De acordo com o antigo ministro das Finanças, este é um “documento para Portugal que procurar alertar os portugueses e as autoridades” sobre a realidade atual do país.
Quanto à substância daquele manifesto, explicou que também não gosta da palavra reestruturação por ser “ambígua”. Mas independentemente da denominação, este é um documento que visa apelar ao “pagamento da dívida pública, com crescimento económico, criação de emprego e coesão social”.
Desta feita, “não se fala em ‘hair cuts’ ou perdões da dívida. (…) Reestruturar a dívida é maneira de garantir que se quer pagar”, garantiu.
Sobre a reação de Pedro Passos Coelho, que “ontem sentenciou sem ter ligo e hoje sentenciou com o que não está escrito”, Bagão lamentou que tenha designado este manifesto de “conversa”. “Não chame a isto conversa”, já que há que ter “respeito por pessoas de todas as origens e quadrantes que, apesar de tudo, fizeram um trabalho que procura ser construtivo”.
“O primeiro-ministro disse que [este apelo] morreu à nascença, mas como sou cristão, acredito na ressurreição”, acrescentou.
Bagão Félix questionou ainda “quando é que num país com uma situação desta gravidade, [o manifesto] não pode ser discutido com serenidade e sentido crítico apenas porque os mercados não gostam?”.
“Ligam mais a bocejo de deputado” das instituições europeias, “do que a exercício de 70 pessoas”, lamentou.
Já no que toca à exoneração dos dois consultores de Cavaco Silva que também assinaram este documento, Bagão Félix apenas comentou que Vítor Martins e Sevinate Pinto lhe disseram sempre “que o faziam a título individual, quer verbalmente quer por escrito”.