Créditos obrigam Montepio a assumir perdas de 250 milhões

O Montepio vai ter que assumir perdas de 250 milhões de euros este ano devido a incumprimentos com créditos à habitação e construção, terminando o ano com prejuízos históricos, disse à Lusa o presidente do banco.

Crédito à habitação e construção obriga Montepio a assumir perdas de 250 ME

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Lusa
23/12/2013 07:12 ‧ 23/12/2013 por Lusa

Economia

Habitação

"Temos vindo a fazer face a provisões crescentes em virtude da crise. Mas enquanto nos outros anos foi possível conter o nível de provisionamento e ter resultados positivos, ainda que ligeiros, este ano temos um reforço de provisões muito intenso", disse Tomás Correia em entrevista à Agência Lusa .

O responsável garantiu que este ano "foi absolutamente extraordinário" no que diz respeito à dimensão das perdas assumidas pelo banco com os problemas na carteira de crédito, mas antevê reconhecimento de novas imparidades em 2014.

O Montepio Geral foi obrigado pelo Banco de Portugal a assumir a título preventivo nas contas de setembro um custo de 125 milhões de euros, enquanto decorria uma auditoria independente ao modelo utilizado pela instituição para avaliar imparidades, e já então alertava que este valor podia crescer.

Além do aumento das imparidades, este ano a Caixa Económica Montepio Geral (o vulgarmente chamado banco Montepio) fez também vários aumentos de capital, que superaram os 400 milhões de euros: 205 milhões de euros através da Associação Mutualista, a 'dona' do banco, e 200 milhões de euros através da recente emissão de unidades de participação.

Para Tomás Correia, que é desde 2008 presidente do banco, este aumento de capital não demonstra qualquer fragilidade, pelo contrário.

"Esta base de capital é a garantia de que o Montepio pode intervir na economia de forma mais intensa, pode desenvolver a sua atividade sem constrangimentos de capital e também de liquidez", afirmou, destacando os 13% de rácio de capital 'core tier 1' (medida de avaliar a solvabilidade de um banco) com que o banco ficou após estas operações.

Depois dos prejuízos históricos que se anteveem em 2013, o responsável garante que 2014 será um ano de regresso aos lucros, apesar de o provisionamento para fazer face a perdas ainda dever aumentar.

"Temos expectativas de ter um ano muito bom", adiantou, afirmando que o Plano de Financiamento e Capitalização discutido com o Banco de Portugal e com a 'troika' prevê que em 2014 o produto bancário do Montepio ascenda a 675 milhões de euros.

"Os nossos custos operacionais e amortizações para 2014 são 296 milhões de euros, logo o diferencial é de quase 400 milhões de euros. Mesmo este ano não vamos fazer 400 milhões de euros de imparidades, nem nada que se pareça", disse Tomás Correia.

Do lado dos depósitos, o responsável espera que estes continuem a crescer, até porque é o que o banco usa para cobrir as suas necessidades de financiamento e que lhe permite conceder crédito.

"Até 2008, o Montepio alavancava muito o seu balanço em emissões de obrigações no mercado internacional. Em 2007, tínhamos pouco mais de seis mil milhões de euros de obrigações emitidas. Desde então, tomámos um conjunto de iniciativas no sentido de sermos independentes. Neste momento, temos apenas 380 milhões de euros que se vencem até 2017", afirmou Tomás Correia.

O banco quer também dar mais crédito, depois de este ter caído nos dois últimos anos até setembro, mas alterando os segmentos a que se dirigem os empréstimos.

"No ano que vem, as perspetivas são que o crédito às empresas (com exceção da construção) e ao setor da economia social ultrapasse o crédito à habitação e à promoção imobiliária. É uma transformação enorme do Montepio em tempo de crise", afirmou.

A Caixa Económica Montepio Geral é detida pela Associação Mutualista que, destaca Tomás Correia, vai contrariar o banco e fechar o ano com lucros.

"A Associação Mutualista tem apresentado resultados sempre crescentes, batendo todos os anos os do anterior, como vai acontecer agora. O ano passado, a associação mutualista apresentou resultados distribuíveis de 75 milhões de euros", disse.

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