Os dados constam de um relatório divulgado na quinta-feira pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), que aponta uma queda de 7,5% nas exportações totais brasileiras para o país asiático, face ao mesmo período de 2024, para 47,7 mil milhões de dólares (cerca de 41 mil milhões de euros).
As importações de produtos chineses cresceram, contudo, 22%, para 35,7 mil milhões de dólares (30,5 mil milhões de euros), reduzindo o excedente comercial do Brasil com a China para 12 mil milhões de dólares (10,3 mil milhões de euros) -- o valor mais baixo desde 2019 e metade do registado em 2024.
A tendência coincide com um aumento generalizado das exportações chinesas de terras raras, que atingiram em junho os níveis mais altos desde dezembro de 2009, com 7.742 toneladas -- um aumento de 60% face ao mesmo mês de 2024, segundo dados das alfândegas chinesas. Em comparação com maio, o crescimento foi de 32%.
Analistas veem este salto como um possível reflexo de entendimentos discretos com os Estados Unidos sobre o fluxo de minerais críticos, após uma série de negociações em Genebra e Londres.
Em junho, o jornal norte-americano Wall Street Journal noticiou que a China passou a emitir licenças de exportação de seis meses para fabricantes norte-americanos selecionados.
Pequim impôs em abril novos controlos sobre sete minerais de terras raras e ímanes, em resposta aos pacotes de tarifas e restrições decretados por Washington, num esforço para reforçar o controlo sobre esta cadeia de fornecimento estratégica.
Apesar do aumento em volume, o valor total das exportações chinesas de terras raras caiu 47% em termos homólogos, o que, segundo o economista Xu Tianchen, da Economist Intelligence Unit, reflete alterações na composição dos produtos exportados -- mais elementos de baixo valor e menos dos de alto valor.
Xu assinalou ainda que os controlos alfandegários foram particularmente rigorosos em abril e maio.
As exportações de terras raras tornaram-se um tema central no comércio internacional, dada a sua importância para setores como automóvel, aeroespacial, semicondutores e defesa.
A China detém a maioria da capacidade global de produção e refinação destes minerais.
A normalização das exportações dos elementos médios e pesados, mais valiosos e sujeitos a maiores restrições, deverá demorar mais tempo, alertou Xu, já que Pequim continua a exigir licenças específicas e verificações rigorosas quanto à sua finalidade.
Os dados até agora disponíveis não especificam que categorias de produtos foram abrangidas pelo aumento nas exportações. Um quadro mais claro deverá surgir no domingo, quando o Governo chinês divulgar estatísticas mais detalhadas.
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