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Fundo petrolífero timorense pode perder 1,32 mil milhões este ano

Os investimentos do Fundo Petrolífero de Timor-Leste poderão registar até ao final do ano perdas de 1,5 mil milhões de dólares devido às quedas nas bolsas internacionais, apontou hoje uma organização não-governamental (ONG) timorense.

Fundo petrolífero timorense pode perder 1,32 mil milhões este ano
Notícias ao Minuto

08:25 - 13/03/20 por Lusa

Economia ONG

"Se os preços e taxas de juro não se agravarem ou melhorarem no resto do ano, até ao final de 2020 os investimentos do Fundo Petrolífero [FP] de Timor-Leste terão uma perda líquida de cerca de 1,5 mil milhões de dólares [1,32 mil milhões de euros]", referiu num artigo hoje publicado a organização La'o Hamutuk, que analisa e monitoriza o desenvolvimento no país.

A queda em receitas de petróleo e gás "serão menos 300 milhões de dólares (268 milhões de euros) abaixo da previsão mais conservadora do Governo. E as perdas podem continuar nos anos futuros", indicou.

Motivo pelo qual a organização considerou que a previsão de que o FP se esgote em 2028, "mesmo se não for usada para os custos do projeto Tasi Mane", no sul do país, pode ser antecipada "vários anos".

A organização notou o impacto que a atual situação política em Timor-Leste está a ter na economia nacional, com a queda em gastos públicos a "enfraquecer toda a economia do país, tornando os pobres ainda mais pobres".

Um facto que "sublinha o quanto a população depende de gastos públicos dependentes do Fundo Petrolífero e o quão fraca é o resto da economia", acrescentou a ONG.

Razão pela qual a La' Hamutuk insiste na necessidade "urgente" de diversificar a economia, e de investir na saúde e educação para que outros setores -- agricultura, pequena indústria e ecoturismo -- possam crescer.

Recorde-se que o Fundo Petrolífero timorense registou em 2019 o seu maior retorno no investimento de sempre, no total de 2,1 mil milhões de dólares (cerca de 1,9 mil milhões de euros).

Em 2019, o valor do fundo cresceu mais de 11,94% -- passando de 15,80 mil milhões de dólares (14,26 milhões de euros) em 01 de janeiro para 17,69 mil milhões de dólares (15,96 milhões de euros) a 31 de dezembro.

No artigo, a organização, que entre outras questões acompanha o tema das finanças públicas em Timor-Leste, recorda que já desde 2015 o retorno do investimento ultrapassou as receitas diretas do petróleo como principal rendimento do FP.

A La' Hamutuk analisou, em particular, o comportamento dos mercados internacionais entre 12 de fevereiro e 12 de março, com uma queda acumulada de 26% nos últimos 30 dias nas bolsas dos Estados Unidos e de outros países.

A organização recorda que o FP tinha investido no final de 2019 cerca de 6,6 mil milhões de dólares (5,89 mil milhões de euros) e que o valor desses investimentos caiu 1,7 mil milhões de dólares (1,52 mil milhões de euros)

Notando que "o mercado é volátil" e que Timor-Leste "não precisa de vender agora essas ações", a organização referiu que se os mercados recuperarem, como em 2019, o país "perderá menos dinheiro", mas se continuar a cair (como em 2018), poderá perder ainda mais.

Ainda assim e mesmo que o país não venda ações, o saldo do FP é usado para calcular o Rendimento Sustentável Estimado (RSE), que serve de guia a quanto se pode levantar para garantir a sustentabilidade do fundo.

"Uma queda de 1,7 mil milhões no balanço do Fundo tiraria ao RSE cerca de 51 milhões de dólares, equivalente ao dobro que o Estado gasta anualmente na agricultura", considerou.

A maior fatia do FP, cerca de 7,9 mil milhões de dólares (7,1 mil milhões de euros), estava investido em títulos do tesouro norte-americanos, a que se somam mais 1,6 mil milhões de dólares (1,43 mil milhões de euros) em títulos de outros países.

O retorno (yield) dos títulos dos EUA "caiu para menos de metade do valor de anos anteriores" e a receita do ano passado, 420 milhões de dólares (375 milhões de euros), pode cair para 200 milhões de dólares (178,57 milhões de euros) se os níveis ficarem onde estão, considerou a organização.

Outros dos fatores é o preço de petróleo e gás que, apesar de serem uma fonte cada vez menor de rendimentos, "podendo mesmo parar na totalidade dentro de três anos", ainda continuam a contribuir para o fundo.

O Ministério das Finanças antecipou no ano passado que as receitas de petróleo e gás em 2020 seriam de 595 milhões de dólares, com o preço do barril a 62 dólares, o que, se o atual preço de 35 dólares/barril se mantiver, "implica cerca de metade das receitas previstas".

"Preços mais baixos de petróleo deverão ainda limitar o desenvolvimento petrolífero em todo o mundo, incluindo em Timor-Leste. Se continuarem baixos os projetos serão menos atrativos para empresas e o poço Bayu-Undan pode parar a sua produção ainda antes da data prevista de 2022", concluiu.

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