Jornal La Prensa recebe papel retido pelo Governo da Nicarágua

O jornal mais antigo da Nicarágua, La Prensa, recebeu papel e tinta retidos durante 500 dias pelo Governo de Daniel Ortega, o que obrigou o diário a diminuir páginas, acabar com suplementos e despedir centenas de trabalhadores.

Jornal La Prensa recebe papel retido pelo Governo da Nicarágua durante 500 dias

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Lusa
08/02/2020 06:23 ‧ 08/02/2020 por Lusa

Economia

Nicarágua

O papel e a tinta chegaram na sexta-feira às instalações do grupo Editorial La Prensa, onde funcionam os diários La Prensa e Hoy, em camiões de carga, e foram recebidos no estacionamento pelos diretores, jornalistas, fotógrafos e trabalhadores.

Em setembro de 2018, cinco meses depois do início da crise sociopolítica em que está mergulhado o país, o Governo de Ortaga começou a bloquear, através da Direção Geral de Serviços Aduaneiros, o material do jornal, fundado em 02 de março de 1926.

A decisão de entregar a matéria-prima ao Editorial La Prensa foi tomada na sequência de negociações do núncio apostólico na Nicarágua, Waldemar Sommertag, e depois de o grupo ter denunciado "a asfixia económica" imposta pelo executivo àqueles dois diários.

O núncio foi notificado pelo Governo de que o embargo aduaneiro tinha sido levantado, disse o presidente do grupo, Jaime Chamorro.

O La Prensa argumentou que a retenção ilegal dos materiais violava a liberdade de expressão e o livre acesso à informação dos nicaraguenses, direitos estabelecidos na Constituição do país, acrescentou.

"Esta crise é bastante grave. Nos anos 80 do século passado (também sob executivo sandinista e no meio de uma guerra civil) vendia-se uma grande quantidade de jornais, mas não existiu uma crise como esta", lembrou.

O primeiro Governo sandinista, também liderado por Ortega, "permitia (a importação de) papel, vendido pela Rússia. Agora, foi inventado" este bloqueio, disse.

Chamorro considerou que esta é a pior crise sofrida pelo La Prensa em quase 94 anos de história, levando ao despedimento de 70% dos jornalistas e pondo em risco a circulação da versão impressa por falta de papel.

O La Prensa tinha alertado que a versão impressa podia desaparecer por o Governo estar a reter papel do jornal há 75 semanas, e nesse contexto pediu o apoio da comunidade internacional para sobreviver. "Não deixem morrer La Prensa!", pediu o diário no editorial de 27 de janeiro último.

Além do bloqueio aduaneiro ao Editorial La Prensa, o Governo também reteve os materiais da empresa ND Medios, proprietária do segundo jornal mais antigo do país El Nuevo Diario, entretanto encerrado.

O El Nuevo Diario, os jornais Metro e o Q'Hubo, bem como a plataforma digital Maje, todos da ND Medios, propriedade do grupo financiero nicaraguense Promerica, fecharam em finais de setembro pasado devido à pressão económica do Gobierno, de acordo com responsáveis da empresa.

Para o Governo nicaraguense, o fim daqueles jornais deveu-se a questões administrativas, económicas e de credibilidade, mais do que à retenção de papel.

 

 

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