O ataque ocorreu na quarta-feira à tarde, em Alal, quando dezenas de "colonos" armados (invasores) atacaram os indígenas que trabalhavam nos campos e atearam fogo às suas casas, disse à agência de notícias espanhola o presidente da comunidade Mayagna Sauni As, à qual a aldeia pertence, Gustavo Lino.
"Há seis mortos e 10 feridos, e contamos 10 casas (cabanas) queimadas. Estes são números preliminares, que vão manter-se até que uma comissão que está no local nos dê dados mais precisos", explicou Gustavo Lino por telefone, a partir de Bosawás, uma das selvas mais impenetráveis da Nicarágua.
Num relatório, a Polícia Nacional mencionou apenas "a morte de dois homens, como resultado de ferimentos de bala", com base numa chamada de emergência.
A polícia nicaraguense, que disse ter iniciado investigações, não se referiu às pessoas desaparecidas, à queima das cabanas ou ao tipo de ataque executado pelos agressores, o que gerou críticas entre os denunciantes.
O líder Mayagna, Larry Salomon, explicou que o povo indígena sofreu uma emboscada e exigiu que a polícia nicaraguense investigasse o ataque e que as forças armadas fornecessem proteção.
"O povo de Alal teve de fugir, porque os colonos destruíram tudo, aqui não há presença do exército porque são comunidades remotas. Assim, algo vai acontecer contra as famílias indígenas, é inevitável. Por isso devem ser tomadas medidas", defendeu Salomon.
As medidas referidas pelo líder Mayagna são a "organização e autodefesa", ou seja, vigilância e estarem prontos com arcos e flechas, e "armas de caça, embora estas sejam poucas".
Estas armas não impediram os povos indígenas de perderem territórios para os colonos, nem impediram a morte de pelo menos 20 aldeões, desde 2015, segundo o Centro para a Justiça e o Direito Internacional (Cejil).
O Cejil advertiu que os povos indígenas do Caribe, na Nicarágua, estão em risco de extermínio e encontram-se numa grave situação de abandono e vulnerabilidade, devido à constante invasão dos seus territórios.
Os indígenas do Caribe nicaraguense afirmam que a autonomia dos seus territórios não é respeitada e que os colonos têm causado mortes, sequestros, ferimentos e deslocalização forçada das populações, bem como a perda de 1,5 milhões de hectares de floresta desde 2009.