Numa mensagem na brochura do décimo aniversário do Fórum das Instituições Monetárias e Financeiras Oficiais (OMFIF, na sigla em inglês), disponível no 'site' do Banco de Portugal, Carlos Costa afirmou que "a globalização resultou numa 'destruição criativa' - a inovação a erradicar os processos de produção tradicionais".
"Isto fomentou a convergência entre os países, mas também custos de ajustamento setoriais, alargando divergências intra-países e desencadeando novas formas de protecionismo e populismo", considera o responsável máximo do Banco de Portugal.
O governador referiu que os decisores políticos encontram, hoje, "um grande desafio económico: como reinventar um modelo de desenvolvimento global baseado no comércio e regras aplicadas por instituições multilaterais que sancionam práticas anticoncorrenciais".
Para enfrentar o desafio, Carlos Costa defende que são necessárias "instituições supranacionais mais fortes e políticas comuns", de forma a "apoiar uma integração económica mais profunda destinada a otimizar a alocação de recursos".
"Os processos de produção evoluíram para cadeias de valor globais, que se tornaram centros de decisão fundamentais. Essas cadeias só podem ser eficazmente reguladas através de um modelo global de governança multilateral", defendeu o governador.
A nível nacional, Carlos Costa considera que medidas políticas também são necessárias "para mitigar a distribuição desigual de ganhos e perdas do comércio global".
"O crescimento da desigualdade traz uma sensação de injustiça, ameaça a coesão social e traduz-se em oportunidades e recursos perdidos. Os decisores têm de encontrar uma mistura de políticas que promova uma redistribuição de rendimentos e assegure que todos possam participar na geração de rendimentos, ao melhorar as instituições domésticas", refere.