Governo suspende inquérito 'motivacional' dirigido à Função Pública
A 'culpa' é da proximidade das eleições legislativas que pode "comprometer a fiabilidade dos resultados", justifica o Ministério das Finanças.
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Economia Função Pública
Depois de a Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) ter decidido lançar uma segunda edição de um inquérito sobre questões motivacionais, dirigido a todos os trabalhadores em funções públicas, o Governo decidiu intervir e suspendeu o dito questionário.
Considera o Executivo, em comunicado enviado às redações pelo Ministério das Finanças, que "em período pré-eleitoral" tal facto "pode comprometer a fiabilidade dos resultados, inviabilizando todo o inquérito e a comparabilidade com os resultados obtidos em 2015".
Por esse motivo, "o Governo determinou a suspensão temporária do inquérito, e que o preenchimento dos questionários e as fases subsequentes sejam retomados após as eleições legislativas marcadas para dia 6 de outubro".
No inquérito, agora suspenso, os funcionários públicos eram convidados a responder a um questionário sobre fatores motivacionais, nomeadamente se estão atualmente mais motivados do que há cinco anos - com o Governo de coligação PSD/CDS - e se esta motivação foi influenciada negativamente no período da 'troika'.
O questionário foi lançado pela DGAEP no passado mês de julho e podia ser respondido até 30 de setembro, ou seja, já em período de campanha eleitoral e a poucos dias das eleições legislativas (6 de outubro).
O que queria a DGAEP saber?
Entre as quatro partes que integram o questionário, agora suspenso pelo Governo, constava uma parte (a última) em que os trabalhadores eram convidados a assinalar o seu grau de acordo ou desacordo relativamente a 38 temas, nomeadamente se "o período da 'troika' influenciou negativamente" a sua motivação no trabalho e se a "reposição dos salários afetou positivamente" essa motivação.
As duas últimas questões procuravam saber se "o descongelamento progressivo das carreiras é motivador" e se o trabalhador se sente "hoje mais motivado no trabalho do que há cinco anos atrás".
No primeiro questionário, que data de 2015, os funcionários públicos eram convidados a manifestar o seu acordo/desacordo relativamente à segurança no posto de trabalho, relação com os colegas e chefias, autonomia, relação entre o seu salário e a capacidade de este lhes proporcionar uma vida com dignidade ou ainda se os incentivos financeiros eram o que mais contavam para os motivar.
No relatório produzido na sequência do questionário de 2015 - que foi respondido por 16.816 trabalhadores num universo de mais de 500 mil - é referido que os trabalhadores aproveitaram a ocasião para alertar para o facto de não haver qualquer pergunta sobre o aumento do horário das 35 para as 40 horas semanais.
Apesar desta sugestão, a segunda edição do inquérito não incluía qualquer pergunta sobre o horário que, entretanto, regressou às 35 horas semanais através de um processo que ainda hoje continua a receber críticas por parte dos dirigentes sindicais.
Entre as sugestões então feitas, os funcionários públicos apontaram ainda a necessidade de serem questionados relativamente aos cortes e ao congelamento das remunerações - por considerarem que esta situação contribuía para o empobrecimento do trabalho - e sobre o congelamento de carreiras.
[Notícia atualizada às 12h59]
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