As ações da SAD do Sport Lisboa e Benfica (SLB) abriram em alta, esta quinta-feira, depois de o clube ter confirmado a transferência de João Félix para o Atlético de Madrid, num negócio avaliado em 126 milhões de euros, montante a partir do qual o Benfica encaixará 108 milhões de euros.
De acordo com a Euronext, os títulos da SAD encarnada subiam 1,9% para 3,15 euros, há pouco, sendo que o clube já tem vindo a valorizar, nos últimos dias, no seguimento dos rumores que já vinham dando conta conta daquela que é a maior transferência do futebol português.
A transferência de João Félix foi avaliada num montante global de 126 milhões de euros, mas nem todo este dinheiro entra nos cofres do Benfica, de acordo com os detalhes da operação que constam no comunicado enviado à CMVM.
O clube espanhol vai pagar 30 milhões de euros a pronto, sendo que o emblema encarnado irá fazer uma operação financeira de desconto sem recurso dos restantes 96 milhões de euros. São então descontados os seis milhões de euros, uma vez que dizem respeito a custos associados à operação. Já vamos perceber melhor esta parte.
Sobram por isso os 120 milhões de euros, que o SLB "garante o recebimento (...) no momento da transferência do jogador" - este é também o valor da clausula de rescisão de João Félix. No entanto, a estes 120 milhões ainda é necessário subtrair 12 milhões de euros que são para pagar a intermediação da transferência. Sobram, por isso, 108 milhões, que é quanto entra nos cofres da Luz.
Afinal, como é que os 96 milhões de euros são pagos?
Pode parecer confuso, mas vamos por partes. A operação financeira de desconto sem recurso trata-se, na prática, de um contrato de 'factoring', ou seja, o montante será adiantado ao clube por uma entidade financeira.
De acordo com a Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF), este tipo de contrato prevê que o Benfica não tenha de devolver o montante recebido, mesmo que o Atlético entre em incumprimento.
"Neste caso, a empresa aderente [no caso, o SLB] beneficia do serviço de gestão e cobrança dos créditos, bem como da cobertura dos riscos de insolvência e/ou incumprimento por parte dos devedores [no caso, o Atlético], podendo ainda optar pela antecipação de fundos. Esta modalidade confere uma segurança acrescida nas vendas a crédito", pode ler-se no site da ALF.
Os seis milhões de euros, em cima referidos, são os custos envolvidos nesta operação, ou seja, os juros que o Atlético terá de pagar à sociedade de 'factoring'.
*Cotação das ações atualizada às 8h22, hora de publicação deste artigo.