Os trabalhos de dragagem, orçados em 150 mil euros, foram anunciados em novembro passado e visaram melhorar as condições de navegabilidade da comunidade piscatória ao porto de pesca de Santa Luzia, em Tavira, permitindo "o restabelecimento das condições de segurança, navegabilidade e de estacionamento de embarcações dos pescadores", referiu a empresa que gere as áreas portuárias portugueses.

"Durante os trabalhos foi possível recolher perto de sete toneladas de lixo que estavam no fundo desta bacia. Estes resíduos seguiram para tratamento em vazadouro. Os sedimentos arenosos seguiram para alimentar a praia da Terra Estreita, de acordo com as orientações da APA/ARH [Agência Portuguesa do Ambiente/Administração da Região Hidrográfica]" do Algarve, esclareceu a Docapesca.

Os trabalhos agora concluídos pela Docapesca em Santa Luzia integram um conjunto de intervenções que decorreram em Tavira desde outubro passado, destinados a melhorar as condições de navegação e trabalho da comunidade piscatória e das empresas marítimo-turística, e que a empresa estimou, em novembro passado, concluir "antes do verão".

Na ocasião, a Docapesca adiantou que o conjunto de investimentos totalizava um investimento de cerca de dois milhões de euros e permitiria realizar obras que o presidente da Câmara de Tavira, Jorge Botelho, classificou como "muito importantes" para "culminar ou concretizar um conjunto de competências, atribuições ou respostas necessárias há muito tempo".

Além da dragagem do acesso ao porto de Santa Luzia, estavam também incluídos neste conjunto a reabilitação da lota de Tavira, a dragagem do rio Gilão e uma intervenção na zona das Quatro Águas para reabilitação de estruturas existentes.

O anúncio da conclusão das dragagens em Santa Luzia e da recolha das cerca de sete toneladas de lixo surge depois de, no início de abril, associações e ambientalistas terem denunciado que as dragagens feitas pela empresa no rio Gilão, em Tavira, tinham provocado a deposição de lixo na praia Deserta, também no concelho, embora a Docapesca tenha garantido a não existência de "evidências" de que esse foco de poluição resultava das dragagens.

A Docapesca tinha iniciado os trabalhos de dragagem do rio Gilão, no distrito de Faro, no final do ano passado, numa intervenção que não era feita há 30 anos, mas rejeitou que esses trabalhos estivessem na origem do lixo que episódios de agitação marítima levaram para o areal a nascente do molhe da barra de Tavira e que foi denunciado por ambientalistas e associações locais de pescadores.

A empresa argumentou, na ocasião, que todas as amostras de sedimentos recolhidas do rio e analisadas "se inseriram na Classe I" e que se trata de "material limpo que não apresenta qualquer risco, podendo ser depositado em meio aquático ou utilizado para alimentação de praias sem normas restritivas", e garantiu que a deposição das areias foi feita seguindo as instruções das entidades oficiais do ambiente.

Agora, anunciou a recolha das cerca de sete toneladas de lixo na dragagem em Santa Luzia e o seu encaminhamento para ser tratado.