Associação empresarial diz que Brexit é "drama com solução fácil"
A Associação Europeia das Câmaras de Comércio e Indústria (Eurochambres), que representa 20 milhões de negócios na Europa, classificou hoje a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) como "um drama com solução fácil".
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Economia Reino Unido
Em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, o presidente da Eurochambres, Christoph Leitl, recorreu à linguagem teatral para classificar o 'Brexit' como "um drama", já que a seu ver "seria muito fácil arranjar uma solução" para o processo que ainda tem futuro indefinido.
"O Reino Unido sempre viu a Europa como um projeto económico, não dando tanta relevância às questões sociais e ambientais, aos impostos e à moeda [única, o euro]. Foram eles que se excluíram a si próprios da parte política e só estavam interessados na Europa enquanto zona de comércio livre", considerou o responsável.
Por isso, questionou: "Se é assim, por que não saem da UE e ficam na União Aduaneira? Por que não permanecem no mercado comum?".
"Façam-no, é tão simples, basta saírem a nível político", sugeriu Christoph Leitl, notando que existem "exemplos como o da Noruega em que isso resultou", já que o país optou por apenas fazer parte do Espaço Económico Europeu, podendo assim aceder ao mercado comum da UE.
Para o responsável, esta seria "a melhor solução para as empresas europeias", nomeadamente as que a Eurochambres representa, dado o impasse do 'Brexit'.
Criada em 1958, a Eurochambres representa cerca de 20 milhões de negócios na Europa (incluindo a UE e países como Noruega, Rússia, entre outros), a quase totalidade pequenas e médias empresas, num total de 120 milhões de funcionários.
Ao todo, é composta por 45 câmaras de comércio e de indústria, incluindo a portuguesa.
Christoph Leitl disse à Lusa esperar que os britânicos "sejam sensatos o suficiente para verem esta solução".
"Todas as empresas europeias se estão a preparar para o 'Brexit'. Já estavam preparadas para a saída acontecer em 29 de março, em 12 de abril e por aí fora, e devem fazê-lo, já que é preciso calcular todos os custos e criar formas de os suportar", assinalou.
Segundo o responsável, o ideal seria os britânicos "tomarem uma decisão o mais rapidamente possível", que "responda aos desejos de ambas as partes e que torne [a UE e o Reino Unido] em bons parceiros".
Recordando a mudança feita por dezenas de empresas britânicas, que alteraram a sua sede para outros países na UE dado o 'Brexit', Christoph Leitl salientou que isso "devia ser um sinal de alarme para o Reino Unido para que não brinque [...] com as empresas e as futuras gerações".
Esta semana, num Conselho Europeu extraordinário celebrado em Bruxelas, a UE e o Reino Unido acordaram uma nova data limite para o 'Brexit', com os 27 a concederem a Londres uma extensão até 31 de outubro, que a primeira-ministra britânica aceitou.
Se, entretanto, o Parlamento britânico aprovar finalmente o Acordo de Saída, que já rejeitou por três vezes, a saída vai concretizar-se no primeiro dia do mês seguinte ao da sua aprovação.
O novo prolongamento do Artigo 50.º exige a participação do Reino Unido nas eleições europeias (23 a 26 de maio) e contempla uma revisão intercalar do processo de saída do país da UE por ocasião do Conselho Europeu de 20 e 21 de junho próximo.
A data de 31 de outubro proposta pela UE a 27 deve-se também ao facto de a futura Comissão Europeia entrar em funções em 1 de novembro.
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