Sindicato critica salários "às prestações" no Hotel Beta Porto
O Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria acusou hoje o Hotel Beta Porto de, "numa atitude completamente ilegal" e "injustificada", pagar há vários anos os salários "às prestações", não remunerar o trabalho em dia feriado e ter "trabalho clandestino".
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Economia Hotelaria
"Para além de não pagar o salário pontualmente, esta unidade hoteleira de quatro estrelas da cidade do Porto continua a não pagar o trabalho em dia feriado de acordo com a contratação coletiva, tem trabalho clandestino, não pagou retroativos salariais devidos desde abril de 2018 e mantém outras ilegalidades", afirmou Francisco Figueiredo, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria do Norte, em declarações à agência Lusa.
Contactado pela Lusa, o diretor do Hotel Beta Porto, Gonçalo Vasconcelos, disse que a unidade tem "um acordo com os trabalhadores para pagamento em duas prestações" e que "a situação financeira do hotel ainda não permite o pagamento [dos ordenados] de uma vez".
Segundo o dirigente sindical Francisco Figueiredo, entre 2011 e 2013 o grupo hoteleiro Belver -- que além do Hotel Beta Porto possui uma unidade em Lisboa e três no Algarve -- "teve algumas dificuldades" e deu início a um Processo Especial de Revitalização (PER), no âmbito do qual os trabalhadores acederam a "receber os salários em duas prestações".
Contudo, disse, "o PER já terminou" e o setor do turismo vive há cinco anos consecutivos um período de crescimento: "O Hotel Beta Porto, tal como os demais hotéis da cidade do Porto, tem uma boa ocupação durante todo o ano, havendo até dias em que tem encaminhar clientes para outros hotéis da cidade por não ter quartos disponíveis, pelo que não há razões económicas ou outras para não pagar o salário pontualmente e respeitar os demais direitos", sustenta.
À Lusa, o diretor do Hotel Beta Porto explicou que "o grupo passou por uma situação financeira complicada" e que esta, "apesar de estar a ser ultrapassada com sucesso, ainda não permite o pagamento de uma vez dos salários".
"O PER mantém-se. Nós cumprimos as nossas obrigações e, havendo essa disponibilidade de tesouraria, fazemos o pagamento o mais cedo possível", sustentou Gonçalo Vasconcelos.
Relativamente ao pagamento dos feriados, o diretor diz ser dada aos trabalhadores a possibilidade de optarem entre o gozo de uma folga ou o pagamento do dia, sendo que quanto aos retroativos relativos à nova tabela salarial "foi feito um acordo para pagamento em três prestações em dezembro, janeiro e fevereiro".
No que respeita à taxa de ocupação do hotel, "tem sido de 60/65% nos últimos dois/três anos", acrescenta.
Para o sindicato, o facto de o grupo continuar a pagar o salário às prestações é, contudo, "uma atitude completamente ilegal", que demonstra "falta de respeito e de consideração com os trabalhadores".
"Nesta altura do ano, em que os trabalhadores precisam ainda mais de receber pontualmente o salário para fazerem face às suas necessidades pessoais e familiares, o não pagamento pontual do salário transforma-lhes a vida num inferno", afirma Francisco Figueiredo.
Debaixo das críticas do dirigente sindical está também a Inspeção Geral do Trabalho que, sustenta, "ao não atuar na empresa, apesar de solicitada a sua intervenção há cinco meses, na prática, dá cobertura a estas ilegalidades".
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