Investimento trouxe "músculo" à EDP e ajudou BCP a sair da reestruturação
Os presidentes executivos da EDP e do BCP consideraram hoje que a entrada de capital chinês na estrutura acionista trouxe, respetivamente, "músculo" à elétrica e ajudou o banco português a sair de um processo de reestruturação.
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Economia Empresas
"Quando a CTG [China Three Gorges] entrou na EDP, os mercados estavam fechados e, por isso, foi absolutamente importante. Trouxeram músculo direta e indiretamente a uma empresa que precisava num contexto da globalização", referiu o presidente da EDP, António Mexia, que falava na conferência "Portugal-China, uma relação com futuro", em Belém, Lisboa.
Também falando na ocasião, o presidente do BCP, Miguel Maya, notou que "o investimento da Fosun no BCP -- um acionista que não é do setor financeiro -- permitiu sair de um processo de reestruturação, que foi vital para o banco se apresentar ao mercado português como o principal banco privado português com atividade comercial".
"Isso foi particularmente bom", acrescentou.
Enquanto a CTG detém 23,27% do capital da EDP, a Fosun é responsável por 27,06% do BCP.
A conferência de hoje, que acontece na véspera da visita do Presidente da China, Xi Jinping, a Portugal, reuniu responsáveis de várias empresas com acionistas chineses.
No caso da EDP, tal capital traduziu-se numa "parceria que encarou o desafio da globalização, da revolução tecnológica fortíssima no mundo inteiro, da partilha da descarbonização e de que só podemos ser competitivos se conseguirmos antecipar essas mudanças", observou António Mexia.
"Temos [agora] a capacidade de atrair atenção e de rapidamente antecipar os problemas", assinalou o responsável.
Falando num negócio de "win-win", ou seja, em que ambos ganharam, António Mexia salientou que "a visão de longo prazo da CTG é positiva para a companhia".
No que toca à entrada da CTG na EDP Brasil, referiu que essa companhia "começou timidamente", mas "depois tornou-se no número 1".
Por seu lado, no caso do BCP, "a Fosun é um investidor de longo prazo, não está pela oportunidade do momento", embora tenha beneficiado de um "preço de oportunidade", vincou Miguel Maya.
Segundo este responsável, a entrada deste capital, mas também angolano (através da Sonangol, que detém 19,49%), permitiu que o banco fixasse Portugal como o seu "mercado central".
"Estamos com as empresas portugueses nos bons e nos maus momentos", realçou.
Além disso, "esta estrutura acionista permite-nos também dar acesso, a um conjunto de clientes, a um mercado exterior, o chinês e o angolano", desde logo "num momento em que existe uma fortíssima convergência da rede digital".
"Não temos dúvida de que o que estamos a fazer está a acrescentar valor" e o BCP "só se afirma num contexto da União Bancária na Europa se tiver vantagens competitivas", concluiu.
Também presente na ocasião, o presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, notou que, além destes grandes investidores, já existem "empresas privadas mais pequenas a entrar em Portugal" e defendeu a atração de investimento para o setor automóvel e industrial.
Já Jorge Magalhães Correia, da Fidelidade, afirmou que a entrada de capital chinês possibilitou "acesso a financiamento e a novos mercados".
Enquanto Rodrigo Costa, presidente executivo da REN, referiu que "Portugal é uma boa experiência para a China", Manuel Violas, do grupo Superbock, sublinhou que "é uma vantagem estar no mercado chinês", para o qual estão a estudar novos produtos.
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