Os eSports - principalmente em FIFA - são um desporto em franco crescimento em Portugal, sendo que os próprios clubes de futebol e até a FPF se juntaram a este mundo das consolas e dos videojogos.
Apesar da inédita entrada em cena da Federação Portuguesa de Futebol nos eSports - nunca antes visto no mundo - Portugal continua atrás de países como Brasil ou Alemanha, que têm feito deste desporto um autêntico fenómeno mundial. Com milhões de espetadores e muito dinheiro à mistura.
“Mesmo com o crescimento que os eSports estão a ter em Portugal, continuamos a atrasados em relação a outros países, como por exemplo Espanha ou Brasil”, afirmou André Augusto, o responsável pela modalidade no Beira-Mar.
“Apesar de termos tido uma evolução positiva e muito repentina, Portugal continua a estar atrás de alguns países como o caso da Índia, do Brasil, Alemanha e França… estes dois últimos já estão num patamar muito alto de eSports. Ainda temos um longo caminho para percorrer, mas começamos a ter bancadas cheias para nos assistirem e o interesse pela modalidade é a cada vez maior”, completou João Velez, responsável pelos eSports do Tondela.
Além disso, é preciso destacar que em território nacional ainda não existem jogadores profissionais – pelo menos os praticantes de FIFA -, sendo que o dinheiro que chega aos jogadores vem apenas dos torneios em que participam e... só se os ganharem.
Por agora é um grande risco para os clubes estarem a investir na profissionalização dos jogadores"
O caso mais recente é o de Gonçalo “RastaArtur” Pinto, que venceu o Allianz Challenge no passado mês de junho e viu a entrar na sua conta bancária cerca de 10 mil euros.
“Não temos jogadores que ganhem dinheiro com o FIFA. Penso que neste momento ainda não é possível viver dos eSports em Portugal. Penso que, por agora, é um grande risco para os clubes estarem a investir na profissionalização dos jogadores, não haveria retorno para os emblemas”, considerou João Velez.
“É verdade, até ao dia de hoje não existe nenhum jogador profissional em Portugal. Só haverá dinheiro nos torneio de FIFA e isso é só se vencerem a prova. Porém, é de destacar que os prémios monetários poderão ascender quase aos 20 mil euros” , reforçou Pedro Silveira, líder dos eSports do Sporting.
Existe um estigma em relação aos eSports e penso que será difícil terminar com isso"
Por fim, o grande desafio neste desporto em grande expansão é o ceticismo que ainda existe na sociedade em relação aos videojogos. Um ‘drama’ que todos partilham à sua maneira.
“Existe um estigma em relação aos eSports e penso que será difícil terminar com isso. Haverão sempre vozes de discórdia em relação a este assunto, principalmente em gerações acima da nossa. Contudo é necessário dizer que os eSports terão um papel cada vez mais importante na sociedade atual”, lamentou Gonçalo "RastaArtur" Pinto.
“Eu acredito que ainda há. Isto porque explicar à geração que está acima de nós que o que fazemos da vida é jogar videojogos é um processo muito complicado, são pessoas que nunca imaginaram que tal coisa poderia acontecer. Na minha ótica, a melhor forma de combater esse estigma é apresentar resultados, mostrarmos que podemos trazer glória ao clube mesmo que seja através de um mero comando”, vincou João Velez.
“As pessoas pensam que o conceito de desporto é andar a correr ou algo do género, mas é mais que isso, por exemplo, o xadrez também é um desporto e ninguém implica com isso. Aliás, os eSports já estão a ser pensados para entrar nos Jogos Olímpicos”, acrescentou.
Leia a primeira parte da peça aqui.
