"A direção da AF Porto pediu um parecer ao Conselho de Justiça (CJ) para interpretação do regulamento e, em reunião na segunda-feira, foi aprovada a inscrição da Boavista SAD no primeiro escalão distrital, de acesso às provas nacionais", notou José Manuel Neves.
Fonte ligada ao processo confirmou à Lusa a ausência de recurso nos últimos três dias para o CJ da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) por parte da Boavista SAD, que poderia contestar até quarta-feira o acórdão proferido pela Comissão de Licenciamento em relação à não inscrição da sociedade gestora do futebol profissional 'axadrezado' na Liga 3.
As 'panteras' deveriam disputar a II Liga na próxima temporada, mas falharam a inscrição nas competições organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e, mais tarde, também viram negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela FPF.
"Na segunda-feira, a AF Porto informou a Boavista SAD de que aceitaria a sua inscrição condicionada. Hoje já não é preciso esse requisito, na medida em que está ultrapassado o tempo da reclamação", vincou o líder da maior associação distrital do país, que conta com quatro escalões, hierarquicamente abaixo da Liga 3 e do Campeonato de Portugal, terceiro e quarto patamares nacionais, respetivamente.
A ausência de certidões de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social estiveram na base da decisão tomada em 11 de julho pela Comissão de Licenciamento federativa, que também avaliou como diminuída a capacidade financeira e económica da SAD do Boavista, alvo de um processo de insolvência desde a semana passada.
"Em consequência disso, foram caindo em cascata na pirâmide do futebol português desde as provas profissionais até ao escalão principal da AF Porto, no qual ainda não são exigidas certidões daquela natureza para se participar", acrescentou José Manuel Neves.
Na quarta-feira, o clube presidido por Rui Garrido Pereira revelou a vontade de ter uma equipa sénior independente da SAD comandada pelo senegalês Fary Faye em 2025/26.
"Se o clube avançar com a inscrição, entrará na quarta e última divisão da AF Porto. Tem todo o direito de o fazer, desde que traga uma carta de compromisso em que recebe a autorização da SAD para o efeito, na medida em que esta é detentora dos direitos desportivos do Boavista a nível sénior. Segundo sei, há vontade da SAD em dar essa declaração e, por isso, creio que não haverá problema por aí", concluiu.
Despromovido à II Liga em maio, após fechar a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história, face ao título vencido em 2000/01.
Apesar da inscrição da SAD 'axadrezada', o principal patamar da AF Porto continuará a ser disputado por 18 clubes, com o Vila Meã, segundo classificado na temporada passada, a juntar-se agora ao campeão distrital Aparecida na subida ao Campeonato de Portugal.
O Vila Meã foi convidado a substituir o Marco 09, que deverá integrar a Liga 3, após ter sido terceiro na Série A de promoção do Campeonato de Portugal em 2024/25, atrás do Vitória de Guimarães B e do Paredes, ambos garantidos no terceiro escalão.
Com a saída da Boavista SAD das provas nacionais, o São Martinho, terceiro colocado na elite da AF Porto, recebeu convite para disputar a próxima edição da Taça de Portugal, que foi conquistada pelos 'axadrezados' em 1974/75, 1975/76, 1978/79, 1991/92 e 1996/97, acompanhando Aparecida, Vila Meã e Nogueirense, quinto no campeonato e finalista vencido da taça distrital portuense frente ao conjunto de Lousada.
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