Portugal pode selar na terça-feira a nona presença, sétima seguida, em Campeonatos do Mundo, caso vença em Alvalade a Hungria e a República Irlanda impeça em Dublin um triunfo da Arménia, na quarta jornada do Grupo F.
No entanto, este passo não esteve fácil de alcançar. Na noite de sábado, no Estádio José Alvalade, o empate esteve perto de acontecer, na receção à República da Irlanda, mas Rúben Neves, com o seu primeiro golo de sempre pela seleção nacional, deu a vitória à equipa das quinas e engatilhou aquele que poderá vir a ser o apuramento mais rápido de sempre.
A vitória foi magra e Luís Martins considera que o resultado foi melhor do que a exibição. Em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, o treinador, de 61 anos, analisou o que foi a prestação de Portugal diante da República da Irlanda e perspetivou o duelo de terça-feira com a Hungria.
Bernardo Silva foi um dos jogadores titulares no sábado em Alvalade, mas sem conseguir ter o rendimento que se esperava. Em sentido inverso, Trincão saiu do banco de suplentes e esteve na jogada que deu origem ao golo de Rúben Neves. Luís Martins considerou que o avançado do Manchester City podia ter tido uma melhor prestação individual.
"O Bernardo é um jogador excelente, talentoso, mas é um Bernardo Silva com capacidades, digamos assim, diferentes daquelas que o treinador lhes destinou para este jogo em concreto. Percebo a lógica de Roberto Martínez e a explicação que deu, mas são só em aspetos teóricos. O jogo não são só aspetos teóricos, é prático e dinâmico", começou por dizer o técnico de 61 anos, destacando a entrada em campo de Francisco Trincão.
"Quando o Trincão entrou, o cruzamento que deu origem ao golo é um cruzamento preparado, não numa fase em que a equipa da Irlanda estava posicionada. Precisou de se jogar em posse de bola à frente da linha defensiva irlandesa organizada e aí sim, quando o cruzamento entrou, foi com a superioridade numérica do Rúben Neves. Foi bem sucedido, podia ter sido aquele lance, podia ter sido outro lance. O Bernardo Silva pode fazer aqueles cruzamentos, mas não pode jogar ali naquela posição contra uma defesa tão fechada como foi a defesa irlandesa até ao minuto do golo. Na verdade, e na minha opinião, Portugal devia ter jogado com dois extremos diferentes no encontro em Alvalade", vincou.
Rúben Neves, autor do golo da vitória, foi uma das surpresas no onze inicial de Martínez. Luís Martins acredita que o selecionador nacional poderá voltar a fazer alterações no onze inicial da equipa das quinas para o duelo de terça-feira contra a Hungria.
"O jogo com a Hungria tem características completamente diferentes, quer pelas escolhas iniciais do nosso selecionador, que é feliz porque tem um grupo de grandes jogadores que podem dar coisas diferentes ao jogo. O Rúben Neves já foi útil à seleção portuguesa até a central, mas não é esse o melhor lugar dele. Portugal está numa posição completamente diferente daquela em que estaria se tivesse empatado ou perdido com a Irlanda. As escolhas iniciais são influenciadas por isso. A Hungria é uma equipa completamente diferente da Irlanda e também pede que a seleção portuguesa, que quer ser apurada já, tenha uma influência no jogo completamente diferente desta que teve com a Irlanda", sublinhou o antigo treinador do Sporting, deixando algumas dicas sobre como será o duelo diante da Hungria.
"Na minha opinião, que gosto de ver uma equipa a jogar com as suas melhores capacidades, Portugal tem todo o dever de ser dominante, ter iniciativa de jogo e impor o seu jogo aos adversários, mesmo que seja a Irlanda com 11 jogadores atrás da linha da bola. Mas a Hungria vai ser uma seleção diferente, que ainda está a lutar e vai lutar pelo segundo lugar que lhe dá direito ao apuramento. Portugal, que já tem pontos suficientes para pensar que já estará apurado, mas ainda não confirmado, tem de gerir os três jogos que lhe faltam. Portugal tem de ser dominador e acho que não pode ser uma equipa calculista, como às vezes foi nos três primeiros jogos, apesar de os ter ganho. O selecionador tem colocar Portugal a jogar de forma dominadora, ofensiva e balanceada para o ataque diante da Hungria. As escolhas do meio campo também têm a ver com isso", sustentou Luís Martins.
Conselhos para Martínez na definição do onze
Com os dois encontros separados por 72 horas, o treinador, de 61 anos, considera natural que Roberto Martínez faça algumas alterações, apontando para as possíveis titularidades de Pedro Gonçalves ou de Francisco Trincão.
"Além dos termos lógicos, tem de ser feita a reavaliação física dos jogadores que estiveram a ser submetidos a um jogo desgastante, perigoso em termos de lesão, de risco físico. Roberto Martínez já nos tem brindado com algumas surpresas na escolha dos onze iniciais. A lógica contraria o que às vezes ele faz, mas os resultados dão-lhe razão", referiu o treinador.
"Eu sou um bocadinho crítico em relação à questão das mudanças. No entanto, acho que, com 72 horas de diferença de um jogo para o outro, e analisando aquilo que tem sido a carreira dos jogadores nos seus clubes, que Pedro Gonçalves tem todas as capacidades para jogar. O Trincão tem todas e mais algumas capacidades para jogar início, até pelo que fez nestes minutos em que esteve em campo. Sorte do treinador que tem estas capacidades todas e estas qualidades todas e talentos de fora e que, às vezes, insiste em jogar sempre com os jogadores, até em lugares que não são adequados, mas que com o seu talento acabam por cumprir com a sua estratégia, mas ficam à quem daquilo que é o rendimento de um jogador", finalizou.
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