Portugal está perto, muito perto de carimbar o passaporte para o Campeonato do Mundo de 2026, na sequência do triunfo 'arrancado a ferros', ao início da noite deste sábado, sobre a República da Irlanda, no Estádio José Alvalade, por 1-0.
A equipa das quinas teve pela frente uma autêntica 'fortaleza', erguida sobre um 5x4x1, e denotou, uma vez mais, sérias dificuldades em encontrar espaços para explorar, optando, ao invés, por explorar, ora cruzamentos para a grande área (que se revelaram infrutíferos... literalmente, até à última tentativa), ora remates de meia distância.
Aliás, foi, precisamente, com recurso a esta última fórmula que a seleção nacional deu o primeiro sinal de aviso, quando, aos 17 minutos, Cristiano Ronaldo acertou em cheio no poste, antes de, na recarga, e com a baliza totalmente 'deserta', Bernardo Silva ter falhado escandalosamente o alvo.
À beira do apito para o intervalo, voltou a gritar-se 'golo', mas em vão. Desta feita, por 'culpa' de Caoimhin Kelleher, que deu início a um autêntico 'recital', à beira do apito para o intervalo, quando 'voou' para desviar um cabeceamento perigoso de Gonçalo Inácio.
Roberto Martínez procurou reorganizar o 'tabuleiro', ao intervalo, e a verdade é que a formação lusa regressou dos balneários com outra 'alma', obrigando, vezes sem conta, o guarda-redes adversário a dizer 'presente', para negar os tentos, ora a Vitinha, ora a Rúben Neves, ora a Cristiano Ronaldo.
O capitão acabou, de resto, por ser o mais infeliz de todos, visto que, aos 75 minutos, dispôs de uma oportunidade flagrante para inaugurar o marcador da 'casa' que o viu 'nascer' para o mundo do futebol, mas, ao invés, viu a grande penalidade cobrada esbarrar nos pés de Caoimhin Kelleher.
Alvalade parecia preparada para a desilusão, quando a maior das 'estrelinhas' brilhou. Rúben Neves, envergando o número 21 do melhor amigo, Diogo Jota, surgiu na grande área a desviar, de cabeça, um cruzamento de Francisco Trincão para dar a vitória a Portugal.
Portugal termina, assim, a terceira jornada com nove pontos conquistados em nove possíveis, pelo que lidera o Grupo F, à frente de Hungria (que leva quatro), Arménia (que leva três) e República da Irlanda (que leva um). Significa isto que, se, na próxima terça-feira, bater a Hungria e a Arménia não derrotar a República da Irlanda, tem apuramento garantido para o Mundial'2026.
Figura
Caoimhin Kelleher até nem teve muito trabalho, na primeira parte (com exceção de uma defesa 'apertada', a cabeceamento de Gonçalo Inácio), mas, na segunda, 'abriu o livro'. Com uma sucessão de grandes estiradas, levou ao desespero Rúben Neves, Vitinha e, sobretudo, Cristiano Ronaldo, que nem mesmo na cobrança de uma grande penalidade conseguiu batê-lo. Foi de uma saída em falso que surgiu o golo de Rúben Neves, mas o lance em nada apaga tudo aquilo que fez, até ao momento.
Surpresa
A aposta de Roberto Martínez não poderia ter sido mais certeira. Francisco Trincão entrou para o lugar de Pedro Neto, aos 61 minutos, e foi, precisamente, dos seus pés que partiu a assistência para o (decisivo) golo de Rúben Neves. Teve algumas dificuldades em encontrar espaços (um mal que se alastrou a todos os companheiros de equipa), mas, a jogar 'em casa', voltou a demonstrar que é uma opção a ter em conta.
Desilusão
Nem na ala esquerda, nem na ala direita, nem no centro do terreno. Roberto Martínez bem foi 'rodando' Bernardo Silva, na tentativa de o colocar numa posição mais cómoda para que colocasse em prática as qualidades que lhe são reconhecidas, mas a verdade é que este passou completamente ao lado do jogo, pelo que começa a ser difícil justificar tamanha insistência no onze inicial.
Treinadores
Roberto Martínez: Perante uma República da Irlanda assente num 5x4x1, com linhas próximas e um bloco extremamente baixo, pedia-se a Portugal outro tipo de argumentos para quebrar o cerco. Bernardo Silva voltou a não encantar, mas também é preciso dizer que não está, de todo, talhado para jogar na ala esquerda (algo que fez questão de retificar, ao intervalo). Na segunda parte, o cenário não foi tão 'negro', e acabou por fazer por arrecadar um triunfo... 'in extremis'.
Heimir Hallgrímsson: A diferença de qualidade individual entre Portugal e República da Irlanda é sobejamente conhecida, mas a verdade é que a abordagem do islandês soube a pouco. Com exceção da procura pela velocidade de Chiedozie Ogbene e Festy Ebosele (e do poderio físico, nos lances de bola parada), a verdade é que este adversário nada fez, ainda que estivesse obrigada a pontuar para não se atrasar ainda mais na corrida por um lugar no Campeonato do Mundo de 2026.
Árbitro
Ivan Kruzliak foi um nome incontornável deste jogo. Seja pela demora a castigar as sucessivas perdas de tempo por parte de Caoimhin Kelleher, seja pela passividade com que lidou com os protestos de Bruno Fernandes, o eslovaco esteve sempre 'debaixo dos holofotes'. Aliás, só não foi mesmo o grande protagonista porque Cristiano Ronaldo desperdiçou a (questionável) grande penalidade assinalada por suposta mão na bola de Dara O'Shea, após remate de Francisco Trincão.
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