Paulo Sérgio Braga Madeira notabilizou-se como jogador do Benfica antes de assinar pelo Fluminense, embora nunca tenha chegado a jogar no Brasil, acabando por 'ficar a ver navios'. Seja como for, nada disso apagou aquela que foi uma carreira dentro da elite do futebol português.
Nascido em Luanda, em 1970, Paulo Madeira viria a trocar Angola por Portugal, onde começou a dar os primeiros passos no Lusitano FC, em Vila Real de Santo António, a partir de 1982. Bastaram cinco anos para chamar à atenção do Benfica, que o 'recrutou' para a formação encarnada na época 1997/98.
Já com várias internacionalizações ao serviço das camadas jovens da seleção de Portugal, o defesa-central ajudou a equipa das quinas a conquistar o Mundial de sub-20 em 1989, na Arábia Saudita, numa equipa liderada por Carlos Queiroz que contava ainda com grandes nomes como Jorge Couto, João Vieira Pinto, António Folha e Fernando Couto.
As provas estavam dadas. Em outubro de 1989, Paulo Madeira mereceu o primeiro voto de confiança do já falecido Sven-Goran Eriksson (na altura, o seu treinador) e estreou-se pela equipa principal do Benfica, precisamente na conquista da Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Belenenses (2-0). Parecia impossível pedir melhor entrada.
Paulo Madeira esteve ligado contratualmente ao Benfica durante 13 temporadas, em dois períodos distintos.© Getty Images
O processo de afirmação foi gradual, em função da idade. Na primeira época fez oito jogos, na segunda aumentou a contagem para doze (com direito ao título de campeão nacional e uma chamada por Artur Jorge à seleção nacional) e, na terceira, surgiu como titular indiscutível, ao realizar 47 partidas, com destaque ainda para quatro golos. Já no quarto ano, orientado por Toni e Tomislav Ivic, perdeu espaço e, após a conquista da Taça de Portugal, acabou por ser emprestado ao Marítimo na temporada 1993/94.
É certo que, no ano seguinte, Paulo Madeira ainda foi aposta de Artur Jorge na Luz, mas acabou por rumar ao Belenenses por duas temporadas, com seis golos em 68 jogos, até que regressou a 'casa' por mais cinco anos. As primeiras três épocas ainda foram algo regulares, mas a viragem do milénio trouxe outra história.
Curiosamente, ainda foi uma das principais 'armas' de José Mourinho naquele curto período em que liderou os destinos das águias na época 2000/01, só que a partir da saída daquele que até é o atual técnico dos encarnados, perdeu ainda mais espaço, com salários em atraso à mistura.
Paulo Madeira jogou a última vez pela seleção ao lado de grandes nomes como Vítor Baía, Jorge Costa, Carlos Secretário, Paulo Sousa, Dimas, Rui Costa, Sergio Conceicão, João Vieira Pinto, Figo e Pauleta.© Getty Images
Aliás, já por esta altura, havia chegado o fim do seu percurso na seleção nacional, sem nunca ter tido a experiência de jogar em Europeus ou Mundiais, embora tenha disputado várias fases de qualificação, com a despedida a acontecer precisamente no Estádio da Luz, na vitória de Portugal diante da Hungria (3-0), no dia 9 de outubro de 1999.
A desvinculação do Benfica, essa, só aconteceu em 2001/02, com um registo de sete golos num total de 224 jogos, antecedendo aquela que parecia ser a sua primeira aventura fora de Portugal, rumo ao Brasil. No entanto, o contrato com o Fluminense nunca chegou a ser propriamente cumprido por força das dívidas do clube ao Estado brasileiro. É caso para dizer que o internacional português 'ficou a ver navios' no país canarinho e teve de acionar o plano B, rumando, assim, ao Estrela da Amadora, onde cumpriu 27 jogos e terminou a carreira na época 2003/04, com 33 anos.
Paulo Madeira chegou a estar algo desaparecido do mundo do futebol, mas rapidamente se notabilizou como agente desportivo, estando mesmo ligado a grandes nomes. Através das suas redes sociais, até já mostrou as muitas vezes em que se encontrou com... José Mourinho.
Todas as semanas o Desporto ao Minuto apresenta-lhe uma nova edição da rubrica 'O que é feito de...?', que pretende recordar o percurso de algumas personalidades do mundo futebolístico que acabaram por cair no esquecimento.
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