Autor de um dos golos da vitória de 15 de novembro de 1995 (3-0), decisiva para a segunda participação portuguesa na fase final de um Campeonato da Europa, depois de França, em 1984, o antigo defesa central recorda que as seleções eram "mais equiparadas" do que hoje, considerando a equipa das 'quinas' favorita para o encontro marcado para as 19:45, no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
"Apesar desta Irlanda ter jogadores a jogar na Premier League [inglesa], com alta rotatividade, em relação à nossa seleção é inferior. Naquele tempo, as forças eram mais igualadas. Neste momento, a seleção é completamente favorita. Não há nenhuma dúvida", realça, em entrevista à Lusa.
Hélder Cristóvão vinca que os jogadores lusos são "muito superiores" aos irlandeses, condição que devem encarar "com humildade" para "imporem o respeito que é preciso" e derrotarem um adversário que ocupa o quarto e último lugar do Grupo F após duas jornadas, com um ponto, a cinco do líder Portugal.
O cabeceamento certeiro de há quase 30 anos, um dos três golos do antigo defesa pela equipa das 'quinas', fixou o 2-0 num jogo em que Rui Costa 'inaugurou o marcador', com um 'chapéu' ao guarda-redes Alan Kelly, e Jorge Cadete fechou a contagem, para gáudio dos espetadores que lotavam o antigo Estádio da Luz, numa noite chuvosa de "excelentes memórias".
"Sabíamos das dificuldades que íamos ter pela frente, com um adversário sempre muito combativo. Por outro lado, sabíamos que jogávamos em casa, num Estádio da Luz completamente cheio. Havia algum nervosismo. (...) O jogo correu-nos muito bem. Correu-nos de feição. Fomos sempre muito dominadores", lembra o antigo jogador de Benfica, Estoril Praia, Deportivo da Corunha e Paris Saint-Germain.
O antigo internacional luso em 35 ocasiões, entre 1992 e 2001, crê ainda que esse triunfo perante uma seleção que participara no Euro1988, no Mundial1990 e no Mundial1994, competições em que Portugal esteve ausente das fases finais, ajudou a consolidar o papel da designada 'geração de ouro', oriunda das vitórias nos mundiais sub-20 de 1989 e 1991, no "impulso enorme para o que a seleção é hoje".
Após a qualificação para o Euro1996, a equipa das 'quinas' só falhou a fase final do Mundial1998, em França, desfecho que Hélder Cristóvão atribui ao facto de Portugal, enquanto uma das melhores seleções do mundo, evitar o cruzamento com outras "grandes seleções" na qualificação, ao contrário do que aconteceu na década de 90 do século XX, quando enfrentou Itália e Alemanha.
"Jogamos com seleções que nos permitem estar sempre nas fases de decisão, quer no Europeu, quer no Mundial. Se tivéssemos conseguido viver nesse estado, com essas seleções [inferiores], certamente também estaríamos sempre presentes nesses quadros competitivos", compara.
O ex-treinador do Benfica B e do Penafiel, na II Liga portuguesa, considera ainda que o espanhol Roberto Martínez, vencedor da Liga das Nações de 2025 como selecionador de Portugal, atravessa o seu melhor momento desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2023.
"Com a valorização do jogador português, Portugal vai estar sempre no 'top-5' das melhores seleções do mundo. Não podemos esconder as coisas. Há muito mérito desta geração e deste selecionador, que vive o seu melhor momento. Tem um perfil muito engraçado, muito próprio para selecionador", assinala.
Portugal recebe a República da Irlanda, no sábado, e a Hungria, na terça-feira, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, podendo assegurar a nona presença em Mundiais se vencer os dois jogos e a Arménia, segunda classificada, com três pontos, não triunfar nos redutos de húngaros e irlandeses.
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