O Benfica anunciou, na tarde de terça-feira, uma alteração significativa na estrutura que comanda a equipa principal de futebol. Mário Branco é o novo diretor geral das águias e chega para ocupar o cargo ocupado por Lourenço Pereira Coelho (alegadamente a caminho da Federação Portuguesa de Futebol) e acumular também, ao que tudo indica, as funções de Rui Pedro Braz, diretor desportivo que vai deixar a Luz após o fecho de mercado de transferências deste verão.
Mas, afinal, quem é Mário Branco? Com 49 anos e uma vasta experiência internacional, o dirigente português tem um currículo invejável e promete dar um novo alento na busca de talento além-fronteiras que poderá traduzir-se, a longo prazo, em frutos de elevado valor financeiro.
Nascido a 9 de novembro de 1975 e licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada e com uma pós-graduação em Gestão e Administração de Empresas Desportivas pela Universidade Independente e em Gestão do Desporto Profissional pelo ISCTE, Mário Branco entrou no mundo do futebol como scout.
Iniciou o seu percurso passando por Pontevedra (Espanha), Wisla Cracóvia, Zaglenbie Lubin (Polónia), Steaua Bucareste e Astra Ploiesti (Roménia) e em 2009 regressou a Portugal para abraçar o desafio de ser diretor desportivo do Leixões, numa aventura que teve dois anos de duração.
No final de 2011 regressou à Roménia para assumir o mesmo cargo no Astra Ploiesti, antes de passar por Estoril, Hadjuk Split, PAOK, Famalicão e, mais recentemente, Fenerbahçe, onde trabalhou em estreita relação com o compatriota José Mourinho.
Mário Branco volta, agora, a Portugal e já com alguns títulos no seu palmarés, onde se destacam uma Taça da Turquia e um campeonato na Grécia. No Benfica será visto como peça fundamental para voltar a colocar as águias na rota dos títulos.
É já na segunda-feira - altura em que arrancam os trabalhos de pré-época - que Mário Branco inicia funções no Seixal, altura em que também sai de cena Lourenço Coelho, sendo que os dois estiveram em constante contacto na preparação desta temporada.
O novo dirigente das águias vai trabalhar bem de perto com Rui Pedro Braz, que o tem mantido a par de todos os processos, e de Bruno Lage, treinador com quem trocará de ideias de forma regular, nomeadamente no que à construção do plantel diz respeito.
Ser diretor desportivo era objetivo
Apesar de ter começado como scout, o objetivo de carreira de Mário Branco seria sempre chegar à função de diretor desportivo, tal como o próprio revelou em abril de 2019, em entrevista ao Tribuna Expresso.
"Desde sempre sabia que queria chegar aqui, à posição de diretor desportivo. Mas, para chegar aqui, é preciso ter valências transversais no futebol. Tenho o curso de treinador (UEFA A), tenho cursos ligados a gestão desportiva e especializei-me na área do scouting. Para quê? Para poder conversar com o treinador e entender as dificuldades, desafios e objetivos; e entender o que procurar e como procurar um jogador. O scouting não tem nenhum segredo, não tem uma receita mágica de ficção científica ou da NASA. Depende de cada um de nós, de como cada um vê o jogo", explicava Mário Branco, há mais de cinco anos, aquando ainda estava na Grécia, ao serviço do PAOK.
O eleito de Mourinho
O percurso de Mário Branco é altamente apreciado no futebol mundial, com José Mourinho a ser o maior exemplo. Aquando a saída do dirigente português do Fenerbahçe, o treinador luso foi bastante claro quanto à capacidade de trabalho de Mário Branco, considerando mesmo não haver ninguém melhor do que o compatriota quando se fala em diretores desportivos.
"É difícil dizer 'és o melhor' sem desrespeitar tantos bons diretores desportivos com quem tive o privilégio de trabalhar. No entanto, posso dizer com absoluta certeza que ninguém foi melhor do que tu. A tua combinação de capacidade técnica, integridade e humanidade é incrivelmente difícil de encontrar. Vou genuinamente sentir saudades de trabalhar contigo e espero que possamos ter a oportunidade de trabalhar novamente algum dia", escreveu Mourinho, no passado mês de junho, em mensagem de despedida a Mário Branco, que havia cessado funções no Fenerbahçe, partilhada nas redes sociais.
Casos de sucesso
Nos últimos anos, Mário Branco tem estado envolvido em vários negócios de relevo, no futebol turco, nomeadamente o de Arda Guler, para o Real Madrid, a troco de 20 milhões de euros, ou Kim Min-jae, para o Napoli por 18 milhões de euros.
Em Portugal, o novo dirigente das águias foi um dos responsáveis pela contratação de Manuel Ugarte, aquando a sua passagem pelo Famalicão, e pela consecutiva venda ao Sporting.
Resta agora perceber se Mário Branco conseguirá replicar a receita de sucesso nesta nova aventura no Benfica, que pretende voltar a conquistar o título de campeão nacional e evitar que o rival Sporting chegue ao tricampeonato.
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