'Red devils' e 'spurs' encontram na segunda prova europeia de clubes uma verdadeira tábua de salvação da temporada 2024/25, que iniciaram como fortes candidatos aos lugares europeus na Premier League, talvez até da Liga dos Campeões, e podem terminar apenas acima dos três clubes despromovidos ao segundo escalão.
Para já, é esse o lugar que ocupam, após os jogos da 37.ª e penúltima jornada. O Manchester United é 16.º e o Tottenham é 17.º, depois de terem perdido na sexta-feira com Chelsea (1-0) e Aston Villa (2-0), respetivamente, numa altura em que a final de Bilbau já pairaria mais sobre a cabeça dos jogadores.
Se o percurso no campeonato inglês está a ser desastroso -- o Manchester United não ganha desde março e o Tottenham tem apenas um triunfo desde fevereiro -, a campanha na Liga Europa está a ser quase perfeita, em especial para a equipa de Ruben Amorim, que não perdeu nenhum dos 14 jogos disputados.
Isso até poderia ter acontecido logo na segunda jornada da nova fase de liga, mas um golo marcado em período de compensação pelo mal-amado defesa Harry Maguire salvou o empate 3-3 no estádio do FC Porto, uma das duas formações portugueses que disputaram a competição, a par do Sporting de Braga.
Habituado a pisar os palcos mais ilustres da 'Champions', que venceu em 1967/68 (numa final perante o Benfica), 1998/99 e 2007/08, o Manchester United procura agora reeditar a conquista do único título na Liga Europa, em 2016/17, sob o comando de outro treinador português: José Mourinho.
Para isso, contará com o contributo inestimável do português Bruno Fernandes, um dos melhores marcadores da prova, com sete golos, não obstante a condição de médio, que alimentará as melhores expectativas dos adeptos dos 'red devils' na final de quarta-feira.
A equipa de Manchester terminou a fase de liga no terceiro lugar, apenas atrás da Lazio e do Athletic de Bilbau, que impediu de disputar a final em casa, ao eliminar os espanhóis nas meias-finais (3-0 e 4-1), depois de já ter afastado a Real Sociedad, nos 'oitavos', e o Lyon, nos 'quartos'.
Apesar de o ter conduzido ao mesmo local, o trajeto do Tottenham foi mais acidentado, com duas derrotas, um das quais na fase de liga, que terminou no quarto posto, antes de bater, sucessivamente, AZ Alkmaar, Eintracht Frankfurt e o sensacional Bodo/Glimt, este nas meias-finais.
Treinados pelo australiano Ange Postecoglou, cuja permanência no cargo deverá estar tão dependente da vitória quanto a de Ruben Amorim, os 'spurs', vencedores da antecessora Taça UEFA em 1971/72 e 1983/84, sofreram uma baixa de vulto com a lesão de última hora de Dejan Kulusevski.
A formação londrina já estava privada de outros dois jogadores influentes, James Maddison e Lucas Bergvall, apesar de ter recuperado Son Heung-min, o mais influente de todos, ainda que o United também não possa contar com Lisandro Martínez e Joshua Zirkzee e tenha vários em dúvida, entre os quais o defesa português Diogo Dalot.
A história recente joga a favor do Totenham, que ganhou os três confrontos com o United esta temporada (3-0 e 1-0, para o campeonato, e 4-3, nos quartos de final da Taça da Liga), mas os 'red devils' só precisam de vencer o próximo para tornar irrelevantes todos esses desaires.
Será a terceira vez que o título se discute entre equipas inglesas (a primeira aconteceu na edição inaugural, em 1971/72, com vitória dos 'spurs' sobre o Wolverhampton) e a 11.ª entre clubes do mesmo país, uma das quais foi exclusivamente portuguesa, em 2010/11, com triunfo do FC Porto sobre o Sporting de Braga, por 1-0.
Além da taça, a conquista da Liga Europa traz consigo uma dádiva que nenhum dos clubes desaprovará e que lhes permitirá passar uma esponja sobre quase tudo o que de mal fizeram no campeonato: um bilhete dourado para a próxima edição da Liga dos Campeões.
Tottenham e Manchester United defrontam-se na quarta-feira, no estádio San Mamés, na cidade espanhola de Bilbau, na final da Liga Europa de futebol de 2024/25, que será dirigida pelo árbitro alemão Felix Zwayer.