Rúben Amorim ousa reerguer United desorientado desde saída de Ferguson

Rúben Amorim foi anunciado na sexta-feira como o sexto treinador definitivo do Manchester United desde 2012/13, época do último título de campeão inglês de futebol do clube, que nunca mais recuperou da saída do 'lendário' Alex Ferguson.

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Lusa
02/11/2024 10:36 ‧ 02/11/2024 por Lusa

Desporto

Inglaterra

Quase seis meses depois de ter festejado o 20.º título do Sporting, e segundo em quatro épocas completas em Alvalade, o ex-médio suprimiu com alguma surpresa o desígnio de continuar a perseguir o primeiro bicampeonato 'leonino' em 70 anos e sucederá a partir de 11 de novembro ao neerlandês Erik ten Hag no recordista de conquistas da Premier League (20), que pagou 12,7 milhões de euros (ME), incluindo os 10 ME da cláusula de rescisão.

 

Aos 39 anos, Amorim propõe-se a devolver aos patamares de excelência o Manchester United, dos internacionais portugueses Diogo Dalot e Bruno Fernandes, que está na 14.ª posição da Liga inglesa, com 11 pontos, a 12 do tetracampeão e líder Manchester City.

Os 'red devils' vivem o segundo pior arranque ao fim de nove jornadas numa edição da Premier League e estão aquém da mentalidade edificada ao longo de 27 épocas pelo escocês Alex Ferguson, com quem se tornaram num dos emblemas mais temíveis do mundo.

Entre novembro de 1986 e maio de 2013, o United obteve mais de metade dos seus 70 troféus em 146 anos de existência, ao celebrar 38 conquistas, incluindo 13 campeonatos nacionais, cinco Taças de Inglaterra, duas Ligas dos Campeões e um Mundial de clubes.

Essa competitividade diminuiria drasticamente com o adeus de Ferguson, agora com 82 anos e promovido desde a reforma ao cargo de embaixador global do clube - que vai ser extinto no final da época -, pois rendeu apenas duas FA Cup, duas Taças da Liga e duas Supertaças inglesas, mais a edição 2016/17 da Liga Europa, guiada por José Mourinho.

O setubalense foi o mais bem-sucedido dos cinco treinadores contratados em definitivo no período pós-Ferguson e até à chegada de Rúben Amorim - houve ainda quatro interinos -, ao colecionar três troféus e a melhor percentagem de vitórias (58,3%), entre 2016 e 2018.

Além da impaciência com vários técnicos, o clube detido pela família Glazer gastou mais de dois mil ME em reforços nos últimos 11 anos, dos quais 660 ME nas cinco janelas de mercado com Erik ten Hag, bastante criticado por Cristiano Ronaldo a seguir à segunda passagem do avançado e capitão da seleção nacional por Manchester, de 2021 a 2022.

O antecessor de Rúben Amorim contou com investimentos maiores do que David Moyes, Louis Van Gaal, José Mourinho e Ole Gunnar Solskjaer, sendo que, no último verão, viu serem desembolsados 214,5 ME nas aquisições de Leny Yoro, Manuel Ugarte, Matthijs de Ligt, Noussair Mazraoui e Joshua Zirkzee.

Esse quinteto dinamizou a primeira janela de mercado do Manchester United sob influência do novo acionista, o multimilionário Jim Ratcliffe, dono da Ineos, empresa multinacional da indústria química, que havia adquirido 27,7% do capital social em fevereiro.

Apesar da posição minoritária assumida, o engenheiro inglês passou a estar responsável pela gestão das operações do futebol dos 'red devils', que vinham da pior classificação desde 1989/90 na Premier League, ao terminarem a edição 2023/24 na oitava posição.

A conquista da Taça de Inglaterra frente ao rival citadino Manchester City (2-1), em maio, foi crucial para a manutenção de Erik ten Hag, cuja aventura não duraria mais de cinco meses, tendo iniciado 2024/25 com uma derrota perante os 'citizens' no desempate por grandes penalidades da Supertaça inglesa (6-7, após 1-1 no final do tempo regulamentar).

Além do arranque instável na Premier League, o Manchester United visitará o Tottenham nos quartos de final da Taça da Liga e ocupa o 21.º lugar da reformulada fase de liga da Liga Europa, entre 36 clubes, com três pontos, resultantes de outros tantos empates - impediu nos descontos e em inferioridade numérica a derrota na visita ao FC Porto (3-3).

Rúben Amorim é a primeira aposta técnica da nova administração para reerguer a médio prazo os 'red devils', que devem trocar o tradicional '4-2-3-1' pelo '3-4-3' característico do ainda treinador do Sporting, adquirido por dois anos e meio, até junho de 2027, com mais uma temporada opcional, mas sem os poderes reforçados de Erik ten Hag fora do banco.

Além do lateral-direito Diogo Dalot e do médio e capitão Bruno Fernandes, que atuou nos 'leões' entre 2017 e 2020, mas saiu dois meses antes da chegada do seu futuro técnico a Alvalade, o plantel reúne os experientes André Onana, Tyrell Malacia, Lisandro Martínez, Harry Maguire, Luke Shaw, Mason Mount, Christian Eriksen, Antony e Marcus Rashford ou os emergentes Kobbie Mainoo, Alejandro Garnacho, Amad Diallo e Rasmus Hojlund.

O defesa-central sueco Victor Lindelöf coincidiu no relvado com Rúben Amorim em três desafios no Benfica - um no conjunto principal e dois pela equipa B -, de 2013 a 2015.

Venda mais elevada do Sporting desde a saída de Bruno Fernandes, ao custar 60 ME fixos ao tricampeão francês Paris Saint-Germain, o médio uruguaio Manuel Ugarte vai reencontrar o único treinador com quem conviveu em Alvalade, entre 2021 e 2023, ao passo que o centrocampista brasileiro Casemiro representou o FC Porto em 2014/15.

A próxima paragem dos campeonatos para os jogos das seleções nacionais acomodará a chegada de Amorim a um dos clubes mais populares do futebol mundial, orientado de forma interina pelo ex-avançado Ruud van Nistelrooy e sempre rodeado por comentários polémicos de antigas glórias da era Alex Ferguson, cujo legado, carisma e misticismo a partir das bancadas simbolizam os padrões pelos quais cada sucessor tem sido medido.

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