Luís Neto concedeu, esta quarta-feira, uma extensa entrevista à Sporting TV. Entre os temas que foram abordados, o defesa-central, que está de saída do clube de Alvalade, fez um balanço da última temporada, que culminou com a conquista do título de campeão.
"Esta foi uma época de tudo ou nada. Tivemos muitas conversas no ano de 2022/2023. Aparentemente não, mas nós tínhamos um bom grupo. Tivemos um grupo muito saudável também. Toda a gente tinha boa relação, mas estava a faltar alguma coisa. E eu acredito que tivemos conversas muito marcantes entre todos. Tivemos mensagens do míster que repetiu várias vezes, que se nós não ganhássemos nada, algo terminava. Poderia existir um fecho de ciclo. Mas toda a gente deu uma grande resposta", começou por dizer Neto.
"Conseguimos, no desconforto, voltar a criar todas as condições para ganhar. Principalmente, a resiliência do grupo. A consistência e o facto de conseguirmos passar a mensagem que todos os três pontos eram importantes. Ou seja, eu lembro-me de jogar em Faro, aí na sétima ou oitava jornada e nós praticamente já a dizermos que 'Ganhamos hoje e somos campeões'. Irmos ao Bessa e dizermos 'ganhámos hoje e somos campeões'. Ou seja, aquilo já não era jogo a jogo. Aquilo era quase... 'Se ganhamos hoje, somos campeões'. E aquilo criou-se mesmo em todos os jogadores estrangeiros, a malta toda que veio este ano, imbuída nesse espírito. Falávamos em inglês para passar todas as mensagens, ninguém ficou de fora. Existiu uma crença enorme, uma fome enorme", prosseguiu, antes de falar das exibições dos leões na última temporada.
"E depois mesmo a nível exibicional, toda a gente com prazer a jogar uns com os outros, o nosso sistema, as nossas posições... O passar de um jogo para o outro, o nível de exigência, ou seja, o percebermos que durante... Podemos ganhar dez vitórias seguidas, mas tivemos os nossos rivais a ganhar dez jogos seguidos. Tivemos que ganhar o décimo primeiro, não há empates, não há nada. Não há dias de folga. E isto é exigente a nível físico, é exigente a nível mental, porque depois coloca-se a Liga Europa, coloca-se a Taça de Portugal, a Taça da Liga. Lutar por tudo. Depois de três em três dias, muitas vezes a jogar ao terceiro dia, com pouco tempo de recuperação, com pouco tempo de treino, muito vídeo. E mesmo assim, a malta conseguiu aguentar-se muito tempo sem se queixar, conseguiu aguentar-se muito tempo sem pedir folgas, conseguiu-se aguentar muito tempo a passarmos mesmo todos os dias na academia. 'Malta, é mais um, é mais um'. A malta que não jogava, a treinar como se não houvesse amanhã. E eu acho que muito disto foi a chave deste ano", vincou.
Neto falou ainda da lesão grave que o afastou dos relvados durante várias semanas.
"Depois tenho uma lesão mesmo estranha e tenho esse azar de perceber que algo estava errado e na altura até tive algum receio que fosse uma lesão ainda mais grave do joelho. Mas contra tudo que é clínico, contra tudo que é médico, acabo por na fase final da recuperação do meu joelho, a faltar pouco mais de duas semanas, acabo por ter a infelicidade do pneumotórax, que me roubou muito tempo. Roubou-me muito a nível mental, a nível emocional, a nível físico. Perdi completamente a forma, emagreci. Cheguei a pesar 64 kg. Eu já sou alguém robusto. E tive que me readaptar a tudo, ir à Academia só praticamente para fazer fisiorespiratória, em que não podia ter outro tipo de exercícios", finalizou.
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