Cinco treinadores, cinco estreias a sorrir. O estranho caso do Vitória SC

Ao quinto treinador da época, o quinto lugar foi sustentado pela marca recorde de 63 pontos, com muito drama pelo meio.

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© Vitória SC

Miguel Simões
20/05/2024 08:04 ‧ 20/05/2024 por Miguel Simões

Desporto

Análise

Parece surreal, mas aconteceu. Com cinco treinadores diferentes, o Vitória SC protagonizou uma das melhores épocas da história, destacando-se o facto de alcançar a sua melhor pontuação (63 pontos) de sempre na I Liga desde que os triunfos valem três pontos. Ainda assim, nem tudo foi um 'mar de rosas'.

A temporada arrancou com Moreno Teixeira a liderar os destinos dos vimaranenses, naquela que até seria a sua segunda época no comando técnico (algo quase inédito no passado recente do clube), mas rapidamente pediu a demissão. O 'adjunto' João Aroso aceitou o cargo por apenas um jogo, de forma a fazer a 'ponte' para a entrada do surpreendente Paulo Turra.

O treinador brasileiro durou pouco mais de um mês na sua primeira aventura em Portugal e apareceu Álvaro Pacheco, que chegou a ser visto quase como um ídolo em Guimarães (coisa rara), porém, a época não terminaria sem um quinto técnico. Rui Cunha, homem da casa, tratou de ser o responsável final por uma temporada que fica para a história do Vitória SC, ainda que com muito drama pelo meio. O maior curioso é que todos estes treinadores rubricaram sempre estreias sorridentes. Vamos por partes.

Notícias ao Minuto Moreno Teixeira, com a ajuda de João Aroso, tinha conduzido o Vitória SC a um apuramento europeu na época transata.© Miguel Pereira/Global Imagens  

Três jornadas, três treinadores, três vitórias

Logo a abrir a temporada, os vimaranenses foram 'vítimas' de mais uma eliminação precoce na Liga Conferência Europa, diante do 'desconhecido' Celje, levando Moreno Teixeira a querer 'abandonar o barco' do seu clube de coração no imediato. A verdade é que o atual treinador do Desportivo de Chaves aguentou-se na liderança da equipa até à primeira jornada, comunicando a sua saída após o triunfo na Reboleira, diante do Estrela da Amadora (0-1).

Cumprindo um pedido da direção encabeçada por António Miguel Cardoso, João Aroso - que era adjunto no 'desenho' da equipa técnica, mas que figurava como treinador principal na ficha de jogo por motivos regulamentares - assumiu a liderança da equipa no jogo seguinte, com um triunfo caseiro frente ao Gil Vicente (2-1), mas garantiu que não faria sentido continuar sem Moreno - sentimento que reforçou em entrevista ao Desporto ao Minuto.

Notícias ao Minuto Em seis jogos, Paulo Turra começou e terminou o seu percurso em Portugal com triunfos - os únicos dois que alcançou na sua aventura em Guimarães.© Getty Images  

E como 'não há duas sem três', Paulo Turra assumiu o comando técnico do Vitória SC à terceira jornada para, imagine-se, conduzir a equipa ao terceiro triunfo consecutivo, diante do Vizela (2-0), para a liderança do campeonato. Surreal, no mínimo. Seguiram-se três derrotas, um empate e só depois o regresso às vitórias, com uma reviravolta dramática diante do Estoril (3-2). Dois dias depois, o treinador brasileiro seria 'surpreendido' com a demissão, tendo concedido uma entrevista ao Desporto ao Minuto a abordar todos os contornos.

Álvaro Pacheco deu estabilidade... até certo ponto

Do passado mês de agosto até ao início de outubro, três treinadores. De outubro até maio, apenas um técnico... e um 'carrossel' de emoções. Álvaro Pacheco abraçou o projeto do Vitória SC com carinho, já depois de ter deixado o Estoril, sendo rapidamente 'pintado' como o homem certo para se manter em Guimarães por muitos e bons anos. Os resultados, esses, trataram de mostrar que o caminho parecia estar a ser 'trilhado' nesse sentido... até um certo ponto.

O treinador de 52 estreou-se com um triunfo no reduto do Famalicão (1-3) e começou a 'apetrechar' uma sequência de resultados bastante louvável. Manteve a equipa na 'perseguição' aos lugares cimeiros - muitas vezes 'colado' ao rival Sporting de Braga na quarta posição -, chegou às 'meias' da Taça de Portugal e alcançou 18 triunfos em 32 jogos ao serviço do emblema de Guimarães. Pelo meio, Jota Silva até foi chamado à seleção nacional.

Depois do triunfo frente ao FC Porto (1-2) no Estádio do Dragão, no passado dia 7 de abril, seguiram-se semanas que 'mataram' todos os sonhos para um fim de época que podia ser de sonho. Até então eram 17 vitórias em 26 jogos. Seguiram-se quatro derrotas, uma igualdade e um triunfo, que impossibilitaram o sonho do Jamor, a esperança pelo pódio e a derradeira luta pelo quarto lugar. Pelo meio, houve um 'burburinho' dos grandes que voltou a deixar à tona as debilidades internas que travam o emblema de Guimarães de atingir patamares à medida da sua massa associativa.

Notícias ao Minuto Taxa de sucesso de Álvaro Pacheco no Vitória SC superou os 50% e ainda esteve perto de cumprir o sonho de estar numa final da Taça de Portugal, no Jamor.© Getty Images  

Dois dias após esse isolado triunfo, frente ao Boavista (1-0), um simples almoço de Álvaro Pacheco com responsáveis do Cuiabá, num restaurante em Lisboa, no passado dia 29 de abril, com vista a uma possível mudança para o Brasil rapidamente causou alarido, com versões distintas do treinador e do presidente nos últimos dias. O impacto a nível interno é complexo de 'descodificar', mas a quebra de rendimento ficou à vista pelos mais recentes resultados.

Recorde chegou pela mão... de um 'primo'

No passado dia 15 de maio, Álvaro Pacheco apresentou a sua demissão e, com o objetivo de escolher o quinto (!), treinador da época, António Miguel Cardoso apontou a uma decisão interina e desafiou Rui Cunha a assumir o a equipa na última jornada. A saber que os três pontos em Arouca seriam suficientes para o recorde de 63 pontos, o jovem técnico de 31 anos guiou o Vitória SC a uma reviravolta supersónica (1-3) e a mais uma página de história no clube minhoto, naquela que foi a quinta estreia a sorrir do quinto treinador da temporada... no quinto lugar.

Notícias ao Minuto Rui Cunha, primo de Moreno Teixeira, cumpriu um sonho ao comandar a equipa principal do Vitória SC.© Tony Dias/Global Imagens  

A forma como todos os jogadores festejaram o marco histórico era sintomática de um grupo que tinha passado por várias dificuldades para chegar até onde chegou, naquele que foi o terceiro apuramento europeu consecutivo no Vitória SC, algo que já não acontecia desde 1998.

A pergunta que se impõe é: terão sido quatro treinadores a mais ou 29 técnicos a menos? Num exercício algo inusitado, se a moda pegasse, uma mudança técnica a cada jornada até poderia fazer do Vitória SC campeão nacional, dado que, em cinco estreias verificaram-se cinco vitórias.

Seguem-se novos tempos de mudança em Guimarães, sendo que Rui Borges, após um trabalho notável, é apontado como o próximo treinador dos conquistadores para a nova época. De Rui para Rui? A seu tempo saberemos...

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