Uma exibição madura mas, porventura, imperfeita de Portugal diante da Suécia, na cidade Berço. Roberto Martínez aludiu a isso depois, do jogo, afirmando que "não gostou" de sofrer os dois golos suecos (quase tanto como no apuramento todo). A exibição da 'seleção das quinas', não deixou, no entanto, de ser espetacular, com uma goleada (5-2), em Guimarães.
Foi um jogo de preparação, o que é sinónimo de testes e menor exigência. Roberto Martínez fez alinhar, ainda assim, um onze inicial que bem podia ser titular no próximo Europeu'2024 (talvez as maiores surpresas tenham sido Rui Patrício, Nélson Semedo e Matheus Nunes). A grande questão que se coloca, claro está, é o encaixe de Cristiano Ronaldo, que ficou 'guardado' para a visita a Eslovénia.
Mesmo assim, a Seleção estava recheada de talentos das maiores equipas europeias, com formação nas melhores academias do mundo. Os 'bebés' deram bem conta do recado. Na primeira parte, Portugal marcou três golos, aproveitando os espaços deixados pela pressão alta da Suécia.
O primeiro tento foi obtido por Rafael Leão, na ressaca de um remate de Bernardo Silva ao poste. Potente disparo do extremo interior do AC Milan, sem hipótese para Olsen. Pouco tempo depois, surge o 2-0 por intermédio de Matheus Nunes, após uma excelente incursão pelo meio. Rematou rasteiro, à entrada da área.
A primeira metade não fechou sem que Portugal chegasse ao terceiro, por Bruno Fernandes, a finalizar à boca da baliza após uma bela arrancada de Nélson Semedo. Depois do descanso, entrou António Silva e Toti Gomes, como nova dupla de centrais, e também Bruma.
O quarto golo foi mesmo marcado pelo extremo do Sp. Braga, que aproveitou uma assistência de 'bandeja' de Bruno Fernandes (tinha a baliza aberta). O último golo luso foi obtido por Gonçalo Ramos, a finalizar um cruzamento açucarado de Nélson Semedo.
Pelo meio, a Suécia ainda marcou dois golos em duas desatenções típicas de jogo amigável. Viktor Gyokeres, do Sporting, deixou a sua marca ao encostar na pequena área um cruzamento e Gustaf Nilsson, avançado recém-entrado, marcou nos descontos de cabeça.
Um 5-2 que mostrou que o caminho iniciado no Mundial do Qatar, para a renovação na Seleção nacional está bem dirigido. Apenas dois campeões europeus de 2016 jogaram - Rui Patrício e Pepe - mas o entrosamento revelado por estes jogadores revela já muita maturidade, com a inclusão de novas opções, como Jota Silva, que se estreou na segunda parte diante de muitos adeptos vitorianos.
Figura
Rafael Leão abriu o marcador e mostrou o caminho para a goleada. Liberto, sem a 'responsabilidade' de combinar com Cristiano Ronaldo, teve a sagacidade para iniciar várias jogadas de perigo e marcar um belo golo.
Surpresa
Matheus Nunes foi uma das grandes surpresas no onze inicial, ao lado de João Palhinha, atuando como um box-to-box. Foi especialmente útil no ataque, marcando um golo e oferecendo movimentos que libertavam os colegas. Muito bom na chegada da área.
Desilusão
Num jogo positivo a nível global, é quase injusto escolher uma 'desilusão'. No entanto, talvez o elemento 'menos' terá sido Toti Gomes, que entrou a partir da segunda parte. Foi do lado dele que surgiu uma brecha que deu em golo, aproveitada por Emil Holm, que cruzou para Gyokeres, sozinho em cima da linha. No segundo, também não fica bem na figura.
Treinadores
Roberto Martínez: Definiu claramente quem ia jogar este jogo e quem segue para o segundo compromisso, numa boa gestão da equipa e do pouco tempo disponível. Nesta primeira 'leiva' de jogadores, só pode haver nota positiva, para um 4-2-3-1 muito funcional, seguro, a dar liberdade aos jogadores da frente e um meio-campo sem grandes desequilíbrios.
Jon Dahl Tomasson: O dinamarquês utilizou um onze praticamente na máxima força. As grandes figuras da Suécia atual jogaram de início, à exceção de Forsberg e Krafth. Portanto, Tomasson tentou jogar com as fichas 'todas' para perceber se isso seria suficiente para igualar Portugal. O teste foi claro - a qualidade portuguesa foi muito superior. O jogo serve de aprendizagem.
Árbitro
Num jogo de menor exigência, o espanhol De Burgos Bengoetxea teve o mérito de não 'atrapalhar' o teste protagonizado pelas duas equipas. Sem grandes decisões polémicas e bem aconselhado.
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