Entre os carros, vendedores ambulantes vendem os mais diversos itens para os adeptos, incluindo camisas, buzinas, chapéus e bandeiras. O verde e amarelo começa a despontar em janelas de apartamentos e casas, e nos veículos.

O "portuñol" (mistura de português e espanhol) e o inglês com diversos sotaques já são escutados pelas ruas, centros comerciais e estações de metro e autocarros, principalmente nas proximidades do estádio de abertura do torneio, a Arena Corinthians, em Itaquera. No bairro, que fica na periferia de São Paulo, o comércio também está decorado com as cores do Brasil.

Os anúncios em inglês do metro não deixam mentir: o início do Mundial se aproxima. "Next station, Tatuapé", informa o alto-falante, para a diversão das crianças que estão no comboio, que repetem a frase e riem.

A animação dos adeptos também pode ser vista na porta dos hotéis que recebem seleções, como o Royal Palm Plaza, em Campinas (interior de São Paulo), onde dezenas de pessoas esperavam, na manhã de hoje, a chegada de Portugal. No Rio de Janeiro, turistas de diversas nacionalidades acompanharam um passeio dos atletas da Holanda na praia, nesta semana.

O ambiente festivo de Mundial demorou a chegar, devido às insatisfações dos brasileiros com os altos gastos públicos com estádios, a falta de entrega das obras de mobilidade e infraestrutura prometidas, o preço dos ingressos e outros problemas já conhecidos do país, como a má qualidade dos serviços de saúde e educação.

Falta de acordos entre trabalhadores e o governo do Estado de São Paulo também gera insatisfação, com protestos por reajustes de salário dos metroviários, que suspenderam nesta semana uma greve de cinco dias, professores e polícias.

A decoração em São Paulo mostra os dois lados da moeda: as bandeiras e pinturas que apoiam a seleção brasileira, principalmente em zonas residenciais, convivem com grafites e pichações de protesto, contra o evento, feitos principalmente na região central. O morador de São Paulo parece se animar em cima da hora com o evento, mas as manifestações de descontentamento também devem continuar.

Parte do clima de festa pode ser explicada pelas férias adiantadas dos estudantes, que começam nesta semana, e pelos dias de folga para alguns trabalhadores. A câmara de São Paulo decretou feriado para quinta-feira, dia da abertura do Mundial2014, e irá liberar os funcionários públicos três horas antes nos outros dias em que se realizarem jogos na cidade.