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"A única hipótese era ir para o estrangeiro. Tomei a melhor decisão"

Pedro Ferreira tem brilhado na Dinamarca, ao serviço do Aalborg, e garante estar feliz depois de ter tomado a decisão de sair de Portugal, no verão de 2019. Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o médio português de 23 não esconde o desejo de chegar a outras paragens, mas garante estar com os pés bem assentes no chão.

"A única hipótese era ir para o estrangeiro. Tomei a melhor decisão"
Notícias ao Minuto

07:16 - 09/11/21 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

Pedro Ferreira aproveitou o verão de 2019 para dar o salto para a Dinamarca depois de se ter exibido a bom nível ao serviço do Varzim, na II Liga. Passado um ano e meio, o médio português de 23 anos sente que tomou a melhor decisão ao deixar o nosso país e já aponta a outros voos. 

Em entrevista exclusiva ap Desporto ao Minuto, Pedro Ferreira faz um balanço da aventura com a camisola do Aalborg, aborda o crescimento do futebol nórdico e recorda os sete anos em que esteve na formação do Sporting. 

Pelo meio, o jogador nascido em Vieira de Leiria deixa elogios ao atual momento dos leões e à constante aposta nos jovens que são formados em Alcochete. 

Foi um choque, mas já estou habitado

Está há um ano e meio na Dinamarca. Que balanço faz desta aventura no Aalborg? 

Está a ser uma experiência positiva. No primeiro ano, comecei muito bem a época, mas, no final, acabei por baixar um bocadinho o nível. Mas, nesta segunda, temporada sinto que as coisas estão a correr muito bem. O balanço é positivo. 

Como é que se adaptou a um país como a Dinamarca? É assim tão diferente de Portugal? 

Bem, a nível pessoal foi um pouco difícil. Quando vim para cá, o meu inglês era muito básico. Compreendia melhor do que aquilo que falava. E, depois, era tempo de pandemia e estava tudo fechado. Só no final da época é que as coisas começaram a abrir. E, claro, o frio também não ajuda. No inverno, às 15h30 já está de noite. Foi um choque, mas já estou habitado. Agora, gosto de estar cá. As coisas já estão bem. 

Que tipo de futebol encontrou na Dinamarca? 

Encontrei um futebol direto, com as equipas a jogar longo. Costumo dizer que, aqui, as melhores equipas jogam um futebol de pé para pé e de qualidade, as outras não tão fortes optam por um futebol mais físico e direto. É uma mistura. 

E isso ajudou-o a evoluir enquanto jogador? 

Sim, claramente. Agora estou preparado para enfrentar qualquer tipo de equipa. É uma aprendizagem constante. 

Notícias ao Minuto Pedro Ferreira num duelo contra o Copenhaga, algo que se vai repetir já no final deste mês.© Getty Images  

Como vai combatendo as saudades da família? 

Eu aos 13 anos já vivia longe dos meus pais, porque foi a altura em que fui para a Academia do Sporting, em Alcochete. Então, já estou um bocado habituado a estar longe de casa. Claro que, nessa altura, conseguia estar com eles ao fim de semana, algo que agora não posso fazer. Não é um grande problema estar longe de Portugal, mas obviamente que, se pudesse, iria mais vezes. Já estou habituado, e agora tenho a minha namorada aqui comigo, e isso ajuda-me. 

Como surgiu o convite do Aalborg? Naquela altura estava a jogar no Varzim, na II Liga. 

A época na II Liga não chegou a terminar, por causa da Covid-19, mas eu tinha estado bem no Varzim e ainda fiz a pré-época, mas depois surgiu esta oportunidade. Se não tivesse vindo para aqui, provavelmente, agora ainda estaria no Varzim, porque talvez em Portugal os clubes da I Liga não dão dinheiro por jogadores da II Liga. Então, achei que a única hipótese era ir para o estrangeiro. Sinceramente acho que tomei a melhor decisão. 

Notícias ao Minuto Pedro Ferreira completou 23 jogos com a camisola do Varzim. © Varzim SC  

Nessa altura, já acompanhava o futebol nórdico? 

Não, nessa altura não acompanhava o futebol daqui. Não sabia para o que é que aí vinha. Mas tem sido uma boa surpresa. Os estádios estão praticamente sempre cheios porque este ano voltaram a abrir o futebol. As pessoas, aqui, vibram com o futebol. Em Portugal, as pessoas ligam aos três grandes e pouco mais. Aqui, isso não acontece. Os adeptos são do clube da cidade onde nascem. A atmosfera é diferente.

Sente que é um futebol que está a ganhar cada vez mais visibilidade? 

Sim, até pela seleção da Dinamarca, que já se qualificou para o Mundial'2022 e que tem apresentado cada vez melhores melhores resultados e jogadores. As pessoas começam a olhar para estas Liga com outros olhos. No caso do campeonato dinamarquês, acho que é uma ótima escolha para os jovens jogadores que querem dar o salto e depois irem para Ligas mais competitivas. Aqui aposta-se muito nos jovens,e quem fizer um bom ano fica perto de ir para Alemanha ou França. É muito comum. 

Como é que um português comunica no meio de uma equipa dinamarquesa? 

Pois, ao início não foi nada fácil. Queria muito expressar-me, mas, basicamente, só respondia às perguntas porque não conseguia dialogar. Eles perceberam que o meu inglês não era muito bom, mas iam falando comigo. Em janeiro, chegaram um treinador e um jogador espanhol, e aí as coisas ficaram mais fáceis. Estou mais integrado. 

O facto de ter um treinador espanhol ajuda-o a perceber melhor o que tem de fazer dentro de campo?

Sim, mas o meu problema não era entender aquilo que queriam de mim, mas sim dialogar. E, sim, nesse sentido é importante, tal como ter um colega espanhol. Ajuda na convivência no clube. 

Quais os objetivos que estipulou a nível individual e quais os objetivos do Aalborg?

Os objetivos é fazer melhor do que fiz na última época e manter o nível exibicional. Os objetivos do Aalborg passam por ficar nos primeiros seis lugares do campeonato, e nisso estamos bem encaminhados, e depois lutar pela Liga Conferência Europa. 

No final do mês, o Aalborg têm encontro marcado com o Copenhaga, equipa na qual joga o Zeca. Já se cruzou com ele? 

Cruzei, mas apenas dentro de campo. Eu vivo a cinco horas de Copenhaga, mas já falámos algumas vezes. Ele lesionou-se com gravidade e não vai poder estar nesse jogo, mas claro que vamos mantendo algum contacto até porque somos agenciados pela mesma empresa [ProEleven]. Mas estar com ele fora do futebol nunca aconteceu devido à distância. 

Já teve oportunidade de explorar a Dinamarca? 

A única coisa que ainda não consegui fazer foi ir a Copenhaga, mas gostava de ir num dia em que estivesse sol e com pouco frio. É um sítio que quero muito ir, mas já explorei outras cidades e mesmo aqui Aalborg. Gosto deste país. 

Tenho amigos que jogam na primeira equipa do Sporting e estou a torcer por eles

Recuando um bocadinho ao passado. Esteve sete anos ligado ao Sporting. Que memórias guarda desses tempos? 

Foram anos muitos felizes. porque era só jogar futebol e não tínhamos de nos preocupar com mais nada. Fiz muitas amizades no Sporting. Aquela convivência na Academia... Tenho muitos amigos com os quais ainda mantenho contacto. Foram anos muito bons. 

Ficou com um carinho especial pelo clube?

Sim, claro! Passei lá a minha adolescência toda e sempre me trataram muito bem. Claramente é um clube do qual gosto e acompanho porque também tenho amigos que jogam na primeira equipa e estou a torcer por eles. Estou sempre a acompanhar. 

O que tem achado do Sporting nesta época? 

Acho que estão a dar seguimento ao trabalho feito na época passada. Estão numa fase de estabilidade e a jogar a Liga dos Campeões. Estão a fazer um bom trabalho. O Rúben Amorim está a fazer um bom trabalho. Vamos ver o que conseguem fazer na Liga dos Campeões. Se não chegarem aos 'oitavos', que sigam pela Liga Europa. Acho que estão a fazer um trabalho muito bom e a apostar nos jovens do clube, o que é muito importante. 

Já falámos do presente e do passado. O que deseja alcançar no futuro? 

Eu gosto de estar focado no presente, mas sei que não quero ficar aqui a minha carreira toda. Gostava de procurar outras Ligas, mas vivo focado no presente. Tenho de mostrar o meu valor e as coisas vão surgir naturalmente. 

 Estou muito mais jogador. Sinto-me forte defensivamente e no um para um

Joga como médio mais recuado. Como se descreve enquanto jogador? 

Acho que sou um jogador que dá tudo em campo, que recupera muitas bolas e agressivo. Tenho vindo a melhorar cada vez mais com bola, especialmente desde a chegada do treinador espanhol, que gosta mais de jogar com a bola no pé e de construir a partir de trás. Tenho evoluído muito nesse aspeto. Obviamente estou muito mais jogador. Sinto-me forte defensivamente e no um para um. 

Tem algum jogador da mesma posição que admire? 

Eu gosto de alguns... Com o estilo mais parecido ao meu diria o Casemiro. Também gosto do Kanté e do João Palhinha. 

Onde é que se vê daqui a dois anos? 

Dois anos? É difícil... Não penso muito nisso, mas claro que gostava de estar noutra Liga porque sinto que estou à altura para corresponder, mas tenho contrato por mais dois anos e meio. Não é fácil de prever, mas claro que gostava arriscar noutra Liga porque sinto que tenho capacidade para o fazer. De qualquer forma, estou feliz aqui no Aalborg. 

Notícias ao Minuto Pedro Ferreira em ação com a camisola do Aalborg. © Getty Images  

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