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Queiroz nada surpreso com treinadores advindos da 'geração de ouro'

Vinte e cinco dos 36 futebolistas portugueses campeões mundiais de sub-20 em 1989 e 1991 já trabalharam em equipas técnicas de clubes ou seleções, tendência nada inesperada para o então selecionador luso Carlos Queiroz.

Queiroz nada surpreso com treinadores advindos da 'geração de ouro'
Notícias ao Minuto

08:40 - 29/06/21 por Lusa

Desporto Mundial sub-20

"A apetência normal e comum dos ex-jogadores é quererem ser treinadores. Isto já foi mais do que agora, porque nem todas as pessoas têm essa vocação. Uma coisa é certa: quando acabam as carreiras, estão mais à vontade para definir os objetivos de vida consoante as suas motivações pessoais e familiares", notou à agência Lusa o treinador.

Filipe Ramos e Rui Bento, ambos vitoriosos no Mundial de 1989, na Arábia Saudita, são os atuais selecionadores de sub-20 e sub-19, respetivamente, enquanto Emílio Peixe, considerado o melhor jogador do torneio de 1991, em Portugal, comanda os sub-18.

"Quando voltei à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 2008 e me pediram para rever as plataformas de funcionamento que lá estavam desde que saí em 1993, decidi abrir a porta a jovens treinadores que tinham feito carreiras brilhantes no nosso futebol e tinham esse sabor de campeões europeus e mundiais debaixo da boca", rememorou.

A intenção de Carlos Queiroz era consciencializar as novas fornadas de talentos para a necessidade de corresponderem a elevados padrões de exigência, usando ex-atletas convertidos em treinadores para "transmitir imagens emocionais de ambição e glória".

"Claro que os títulos fazem crescer e são sabores que nos ficam para sempre debaixo da língua. Ser campeão em qualquer coisa é como um estupefaciente: temos de conviver com ele até ao resto da nossa vida. É isso que nos faz ir lá abaixo e querer treinar mais para que esse sabor nunca mais termine. Agora, não foram estes títulos que criaram grandes ilusões neles. O sonho começa quando querem ser profissionais", defendeu.

Parte do lote de campeões entregou-se a funções diretivas em clubes portugueses ou trabalha no agenciamento de futebolistas, ao passo que outros desligaram-se de vez, após trajetos nos relvados bem distintos quanto a sucesso desportivo e mediatismo.

"Ninguém me surpreendeu pela positiva, porque esperei sempre e imaginava um futuro risonho e brilhante para todos eles. Talvez uns mais e outros menos, mas tive a ideia de que todos eles iriam cumprir o sonho que os fez levar ali. Só que depois vem a vida, que não é uma ponte fixa, rígida e sólida, abana e às vezes tem buracos pelo meio", admitiu.

Como em tudo na vida, "nem todos chegam aos sonhos", penalizados por "lesões e infelicidades de carreira" ou "metendo a mão na consciência por razões mais próprias", panorama que não impede Carlos Queiroz de designar todos como "lutadores da vida".

"Acho que existe ainda um hiato a preencher no plano social e valia a pena os nossos responsáveis abrirem um departamento para que a FPF pudesse refletir sobre uma ou outra situação individual, porque não se pode esquecer uma única pessoa que num único jogo tenha vestido a camisola da seleção nacional e tenha trazido prestígio e honra ao país. Na minha visão, fazer isso é um desleixo e uma desatenção imperdoável", sugeriu.

O ex-selecionador nacional 'AA', entre 1991 e 1993 e 2008 e 2010, considera que a missão do organismo federativo é "passar também um exemplo de referência aos modelos que, eventualmente, não cheguem ao topo", para lá de difundir "imagens de popularidade".

"Não podemos estar sempre disponíveis para aplaudir os golos do Cristiano e esquecer todos aqueles que ajudaram hoje o Ronaldo e amanhã o Bernardo Silva e o Diogo Jota a chegar ao patamar onde estão. É importante saberem de onde viemos e as raízes, que vão dignificar cada vez mais o futuro. Isto é, o que faz Luís Figo e Cristiano Ronaldo cada vez maiores é sabermos que há 10 ou 20 anos vimos coisas quase do zero", elucidou.

A mensagem de Carlos Queiroz tem como destinatário preferencial a "memória viva" das gerações abaixo dos 30 anos, que poderão pensar que Portugal "tinha minas de ouro" quando ouvem falar de uma 'geração de ouro' futebolística eternizada há três décadas.

"Estivemos a divertir-nos com a nossa seleção no Euro2020, mas, por detrás desses heróis do momento, estão outros já a preparar o futuro das seleções que vão garantir o êxito de Portugal. Não começámos a pensar no Europeu três meses antes, mas de forma cumulativa, preparando jogadores e equipas a curto, médio e longo prazo", finalizou.

Leia Também: Queiroz ajudou a contribuir para "revolução completa de mentalidades"

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