Encontrar receita para ultrapassar um adversário que já nos venceu no passado é, por norma, um dos mais complicados desafios de qualquer equipa ou indíviduo. Porém, diz a sabedoria popular, não importa quantas vezes se cai, mas como nos levantamos, algo que este Benfica, a viver uma segunda vida com Jorge Jesus, ontem, não conseguiu mostrar, voltando a cair perante uma das suas presas mais vorazes
Esta quarta-feira, as águias voltaram a deixar uma imagem pobre do seu futebol, numa época em que o investimento foi mais que muito e onde a falta de adeptos tem sido desculpa recorrente para um futebol apagado, cinzento, sem rasgo e com 'muita conversa' mas, até aqui, parcos resultados neste regresso de Jesus a Portugal e à Luz.
Contudo, é da festa que queremos falar, e ontem o FC Porto fez por merecer mais uma vitória sobre os encarnados, num jogo que teve pouca magia, muito combate, nervos à flor da pele e dois golos nascidos dos pés de Corona e convertidos por Sérgio Oliveira e Luís Díaz.
Para a posteridade fica o registo dos museus, com Sérgio Conceição a assegurar mais um espaço na vitrina das conquistas azuis e brancas com a 'aquisição' da 22.ª Supertaça Cândido de Oliveira na história do clube da Cidade Invicta.
Mas vamos às notas do jogo
Homem do jogo: Corona. Longe dos seus dias mais brilhantes com as botas calçadas em cima do relvado, o mexicano voltou a ser determinante para o FC Porto. Foi dele o passe para a desmarcação de Taremi que resultou em grande penalidade e foi também dos seus pés que nasceu o passe para o golo de Díaz que sentenciou o encontro, O extremo portista regressou de lesão, esteve em perigo para a partida, mas saiu com a nota máxima em termos de eficácia. Foi solidário a fechar quando foi preciso e só ficou a pecar por não ter tido mais vezes a bola nos pés.
Desilusão: Taarabt. Se o marroquino costuma ser sinónimo de alguma liberdade selvagem no meio-campo, ontem, apesar de muito ter tentado, esteve em dia não. Protagonizou vários lances onde podia ter decidido melhor mas não conseguiu e ficou, quase sempre, nas covas do pivot de meio-campo do FC Porto. Desligado da exigência da partida em vários momentos, teve lances de alguma falta de maturidade que resultaram em perigo para a sua baliza. Num jogo que foi, em grande medida, mais físico que técnico, talvez tivesse sido melhor ter sido lançado do banco do que ser lançado de início.
Surpresa: Pepe. Foi operado há pouco mais de uma semana antes de voltar a campo. Foi aposta de Sérgio Conceição que o lançou na antevisão da partida ainda com dúvidas, mas entrado em campo limpou quase por completo a oposição. Muito agressivo sobre a bola, jogou de máscara os 90 minutos, mas nunca se escondeu do jogo. É um verdadeiro líder fora de campo, mas é melhor para qualquer equipa tê-lo dentro das quatro linhas. Nota positiva para o internacional luso que tem vivido esta temporada vários percalços físicos.
Treinadores:
Sérgio Conceição: No lançamento do encontro lembrou que o jogo, provavelmente, seria mais tático do mágico, e não se enganou. Numa partida entre eternos rivais, soube fazer as suas apostas e viu um golo surgir algo do nada, no primeiro tempo, apesar do maior ascendente. Tentou explorar a bola parada em vários momentos, conseguiu fechar os caminhos da sua baliza na maioria das vezes, alargou e fechou o 'range' da sua equipa quando foi necessário e continua, sobretudo, a somar títulos de Dragão ao peito, que, como o próprio diz, foi para isso que foi contratado: resolver problemas e somar vitórias.
Jorge Jesus: Regressou a Portugal mudado, mas com as promessas do passado. O seu Benfica está em consolidação (até quando?), mas o futebol dos seus pupilos continua a ser pobre para alguém que prometeu uma águia a acelerar nos voos para a vitória. Fez várias apostas no mercado, mas parece não estar a conseguir encontrar a 'língua' para fazer passar a Mensagem. Ontem, foi de mestre a aprendiz e por raras vezes se viu por cima do seu adversário. Nota negativa, mesmo sem público para o catapultar.
Árbitro: Hugo Miguel. Com a arbitragem a ser, por norma, semana sim, semana sim, tema nas televisões, o juiz do encontro teve um dia 'limpinho'. Numa análise a frio, decidiu quase sempre bem e começou desde cedo a avisar porque ali estava. Não permitiu burburinhos no banco, muito menos no relvado e teve 90 minutos os 22 jogadores em campo debaixo do seu olhar. Nota positiva também para o VAR, que decidiu bem quando era preciso.