Sem brilhar, o Benfica foi a Barcelos vencer o Gil Vicente por 2-0 na 10.ª jornada da I Liga. Depois de uma primeira parte onde os gilistas tentaram complicar ao máximo a tarefa dos encarnados em tentar chegar ao golo, no segundo tempo as coisas ficaram mais facilitadas para a formação da Luz, devido à expulsão de Ygor Nogueira antes do intervalo.
Nos segundos 45 minutos, o Benfica marcou em duas ocasiões, com um auto-golo de Rodrigão e um golo de Everton, mas em abono da verdade é que o Gil podia ter dado outro rumo ao jogo. Valeu um enorme Odysseas e até a trave a salvar o clube encarnado.
Apesar de alguns problemas sentidos no processo defensivo, esta temporada, o Benfica no que diz respeito ao ataque não se pode queixar. Os comandados de Jorge Jesus somam uma média de 2,3 golos/jogo em 10 jornadas e igualam o melhor registo dos últimos oito anos.
Figura: Everton foi, sem grande margem para dúvida, o elemento diferenciador desta partida. Não fez uma exibição de encher o olho, diga-se, mas esteve nos dois golos da vitória dos encarnados. No primeiro, cabeceou para o erro de Rodrigão, que acabou por colocar a bola na própria baliza. No segundo, aproveitou o cruzamento de Seferovic para aparecer ao segundo poste sozinho e cabecear para o fundo das redes. É caso para dizer que teve mais cabeça que os restantes. Uma palavra também para Odysseas, que defendeu tudo aquilo que houve para defender, evitando males maiores para o Benfica.
Surpresa: Pedrinho foi a surpresa no onze inicial do Benfica, mas Seferovic também, de certa forma, foi um elemento surpresa no início do encontro. O suíço esteve igual a si próprio: muito trabalhador e esforçado. No entanto, há que realçar o papel do avançado no segundo golo do Benfica. Um excelente trabalho do lado direito do ataque a tirar um adversário do caminho e a cruzar com grande qualidade para Everton. Um golo que sentenciou a partida e que surgiu na altura ideal para os encarnados. De salientar que, apesar de não ser habitualmente titular, Seferovic é o jogador mais influente da equipa na I Liga com seis golos e duas assistências.
Desilusão: Ygor Nogueira. O central do Gil Vicente teve várias abordagens arriscadas e conseguiu mesmo ser expulso num espaço de seis minutos. O defesa brasileiro teve duas entradas idênticas sobre Darwin e Nuno Almeida mostrou amarelo à primeira e à segunda não poupou, mostrando mais um amarelo e o respetivo vermelho. Dificultou (e muito) a tarefa da sua equipa que se viu obrigada a jogar com 10 durante 45 minutos.
Ricardo Soares: No tempo em que o Gil Vicente alinhou com 11 jogadores, a estratégia de Ricardo Soares funcionou na perfeição. Aliás, mesmo com 10 jogadores, o treinador gilista mostrou estar certo ao fazer a sua equipa apostar nos contra-ataques - quase mortíferos - e nas bolas paradas, mais tarde elogiadas pelo treinador do Benfica. Faltou alguma sorte ao técnico gilista para encarar este jogo de igual para igual com o Benfica. Quem sabe, o desfecho poderia ter sido diferente.
Jorge Jesus: Bem na estratégia, uma vez que o Benfica fez aquilo que tinha de fazer em Barcelos. Mal na gestão. E quando falamos na gestão, referimo-nos a dois pontos. Primeiro, lançou o jovem Pedrinho a titular. Um jogo que poderia servir para o brasileiro ganhar alguma confiança acaba com o ex-Corinthians a sair ao intervalo. É certo que Pedrinho não estava a fazer um jogo extraordinário, mas a questão é que esta pode ter sido uma substituição com consequências motivacionais para um jogador em crescendo. Segundo, com o jogo na mão, a vencer por 2-0, o treinador do Benfica poderia ter dado descanso a vários jogadores nucleares, antes da Supertaça, como Everton e Grimaldo, que até tem tido alguns problemas físicos nos últimos tempos. Darwin saiu aos 81 minutos, mas poderia também ele ter ido descansar largos minutos antes.
Árbitro, Nuno Almeida: Nota positiva para o juiz do encontro. Bem na expulsão de Ygor Nogueira. Fica a dúvida na decisão do lance do cartão amarelo a Gilberto. O cartão vermelho poderia ter sido mostrado, mas o árbitro decidiu ter um critério mais conservador. Um lance que deverá ser melhor analisado pelos responsáveis do Conselho de Arbitragem.