A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu dar por terminados os campeonatos não profissionais e, através de um comunicado, informou que não existiram descidas, embora esteja a ser estuada a forma como serão indicados os dois clubes que acedem à II Liga de futebol.

Foi neste sentido que Alverca, Anadia, Leça, Louletano, Sertanense, Sporting de Espinho e Vitória Sport Clube se juntaram no envio de uma carta à FPF sugerindo que se realize um playoff de acesso à II Liga com 16 equipas.

O Desporto ao Minuto chegou à fala com Luís Pinto, um dos capitães de equipa do Alverca, que estava na luta pela subida à II Liga, e ouviu na primeira pessoa que o objetivo desta ideia passa por tentar “minimizar os danos” desta paragem no campeonato, mas também tornar o processo de subida “menos injusto”.

“A questão de acabar o campeonato é normal. Também disseram que não havia descidas e que estavam ainda a decidir a questão do playoff. E é nessa base que nós estamos na expectativa para ver o que vai acontecer. Se as competições forem decididas nos playoffs, face aos inúmeros prejuízos, há muito mais equipas a receberem por inteiro, muitos mais jogadores a receber por inteiro, funcionários também…”, começou por referir, em exclusivo, ao Desporto ao Minuto.

Como surgiu a ideia da carta conjunta à FPF?

“Isto começou entre nós [Alverca]. Estávamos em posição de poder disputar o 1.º e o 2.º lugar e começámos a ver que nas outras séries estava a acontecer o mesmo. Reunimos, organizámo-nos e falámos: ‘Não achavam justo falar com a Federação e pedir uma análise?’. Foi dentro disso e quero deixar claro que não estamos aqui mandados por clubes, como já houve pessoas aí a dizer. Mas isto é assim, eu falo do Alverca porque é o clube que represento. O Artur [Moraes] falou e foi contra a decisão da FPF, mas ele não tomou nenhum posicionamento em relação ao facto de termos de fazer alguma coisa, nada disso. Nós é que achamos mais justo que o playoff seja feito com mais equipas”, esclareceu Luís Pinto, avançado experiente de 37 anos.

“É uma forma, como já disse, de recebermos os salários por inteiro, porque no meu caso a minha família depende de mim e há alguns casos de colegas em que é igual. É uma cadeia de situações que não abona em favor de ninguém. Queria também pedir alguma sensibilidade às equipas que estão na frente do campeonato para perceberem que nós também temos família, que estávamos dentro de um objetivo, que estávamos com muitas possibilidades de subir. Temos o exemplo do Gondomar que no ano passado esteve na frente até às duas últimas jornadas e depois caiu para o 3.º lugar, temos também situações que é ao contrário… Até à última jornada tudo é possível e acho que não devem ter nenhum tipo de problema em que seja feito um playoff com 16 equipas”, acrescentou ainda o jogador do emblema ribatejano que esta temporada eliminou o Sporting na Taça de Portugal.

Se for para acabar, que acabem todos os campeonatosToda esta ideia, de um playoff a 16 equipas, parte do princípio que a II Liga terá de terminar. Na opinião de Luís Pinto, se assim acontecer, é justo que os restantes campeonatos também se joguem.

“Não quero colocar os meus interesses pessoais à frente da saúde pública. Se for para acabar, que acabem todos os campeonatos. Não falo só em Portugal, mas a nível europeu e mundial. Se for essa a decisão, que acabem todos os campeonatos. Agora se a I e II Liga continuarem, achamos injusto nós não jogarmos também”, realçou o atacante do Alverca.

Um agradecimento especial à FPF e ao Sindicato

O Alverca estava na 3.ª posição da Série D do Campeonato de Portugal, a quatro pontos do 1.º e 2.º lugares. Luís Pinto não escondeu o amargo pelo término da competição, mas salientou toda a ajuda oferecida pela Federação e Sindicato.

“Quero salientar a importância e a ajuda da FPF, juntamente com o Sindicato, para que não houvessem prejuízos ainda maiores. Porque se o campeonato acabasse simplesmente, o prejuízo era ainda maior. O presidente do Sindicato [Joaquim Evangelista] tem estado ao lado destes clubes, desta competição e quero enviar-lhe um abraço e um obrigado porque ele tem lutado pelos nossos interesses. E agradecer também à Federação, que contribui com o fundo para ajudar todos estes clubes. É muito nobre por parte da FPF”, finalizou.