A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) anunciou hoje que a historiadora irá substituir a museóloga Aida Rechena, depois de esta responsável ter pedido para sair do cargo que ocupava há quase dois anos.
Sem indicar os motivos da saída, a DGPC referiu, em comunicado, que Aida Rechena passará para os serviços centrais da entidade que tutela museus, palácios e monumentos nacionais.
Contactada pela agência Lusa, Emília Ferreira comentou que foi com "grande alegria" que recebeu o convite da DGPC -- para esta que será a sua estreia como diretora de um museu - considerando-o "um desafio".
"Este convite da DGPC surgiu na sequência de um percurso académico e profissional que tem tudo a ver com a área", segundo a nova diretora, que toma posse na sexta-feira.
"É um desafio bastante interessante porque é um museu nacional, com uma coleção que me interessa particularmente como historiadora de arte. É uma grande alegria pegar num projeto com esta qualidade e poder dar um contributo".
A área de especialização académica de Emília Ferreira é o século XIX, mas a historiadora diz que tem trabalhado maioritariamente o século XX: "Sendo um museu cuja coleção se inicia em 1850 e depois vem até à contemporaneidade, está absolutamente dentro dos temas que eu conheço e gosto de trabalhar".
A programação já tem algumas iniciativas preparadas, mas a nova diretora não quis adiantar novidades antes de tomar posse.
Sobre os problemas enfrentados recentemente pelo Museu do Chiado, em relação à saída de algumas obras da coleção privada de Isabel Vaz Lopes, que ali tinha em depósito e da qual a DGPC acabou por comprar uma parte, a nova diretora não quis pronunciar-se.
"Estou por dentro sobre o que se passa pela imprensa. Mas um conhecimento interno dos problemas só o terei quando entrar, porque agora ainda não tenho essas informações", observou.
Sobre a sua visão para o público do Museu do Chiado, Emília Ferreira diz que pensa trabalhar para o maior número e diversificado possível de pessoas.
"Os museus viverão sempre melhor se forem o mais inclusivos possível. Se nos focarmos num público exclusivo, será sempre um problema para as instituições, porque quanto mais diversos forem os públicos, melhor poderá servi-los", defendeu.
Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Emília Ferreira é mestre e doutora em História da Arte Contemporânea, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
A sua tese de doutoramento, intitulada "Lisboa em Festa: a Exposição Retrospetiva de Arte Ornamental Portuguesa e Espanhola, 1882. Antecedentes de um Museu" foi recentemente publicada em livro, no âmbito da coleção Estudos de Museus, uma parceria DGPC/editora Caleidoscópio.
Trata-se de uma obra sobre o "primeiro sucesso maciço de público" em Portugal, acontecimento que esteve na génese do Museu Nacional de Arte Antiga.
É investigadora do Instituto de História da Arte (UNL) e investigadora associada na Universidade de Victoria, Canadá.
Curadora de exposições de artes plásticas, educadora e também escritora de ficção, colabora com o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, desde 1997, foi membro da Casa da Cerca -- Centro de Arte Contemporânea, de 2000 a 2017.
Tem também vindo a dedicar-se à divulgação de temas culturais para o grande público, de que é exemplo o trabalho Guias de Museus, realizado para o Diário de Notícias (2017).
Instalado no Convento de São Francisco, no centro de Lisboa, o Museu do Chiado alberga mais de 5.000 obras de uma coleção de arte portuguesa, de 1850 à atualidade, com o mais importante acervo português de arte contemporânea, incluindo pintura, escultura, desenho e vídeo, entre outros 'media'.